Com apoio de
Este fim de semana marca a mudança de distribuição de chuva no Brasil, segundo a previsão do tempo. Vamos ter uma redução dos volumes na região central e o retorno gradativo ao Sul, especialmente ao Rio Grande do Sul — 267 cidades do estado decretaram situação de emergência por conta da estiagem.
Entre o domingo, 12, e a segunda-feira, 13, a chegada de uma nova frente fria traz pancadas isoladas a boa parte do Rio Grande do Sul, com exceção de áreas mais ao norte, desde Lagoa Vermelha, na serra, até Torres, no litoral.
Tem condição de chuva também do oeste de Santa Catarina ao sudoeste do Paraná, o que deve auxiliar os produtores de milho segunda safra de forma pontual. Apesar do retorno da chuva, os acumulados são baixos e ainda insuficientes para reverter o déficit hídrico.
- La Niña: departamento americano mantém risco no segundo semestre
- Frio, geadas e temporais; veja a previsão do tempo para o fim de semana
Nas demais áreas do centro-sul, o tempo firme predomina sob a influência de uma massa de ar seco. Os ventos ficam em torno de 50 km/h no litoral, do Rio Grande do Sul a Santa Catarina.
Nos próximos dias, a tendência é de chuva avançando pela região conforme a frente fria se desloca. Na terça-feira, 14, as pancadas de chuva devem se espalhar por todo o estado de Santa Catarina e pelo Paraná. Em contrapartida, na retaguarda já vem outra massa de ar seco e o tempo firme volta a predominar em áreas do Rio Grande do Sul.
A tendência, de acordo com a previsão do tempo, é que em maio e junho a gente observe até anomalias positivas, com chuva acima da média do oeste do Paraná à parte central e sul do Rio Grande do Sul. No entanto, esses episódios de chuva serão intercalados ainda com vários dias de tempo seco.
Entenda o cenário
Nas últimas semanas, a chuva ainda foi muito irregular no Sul do Brasil. As pancadas são mal distribuídas e sem a persistência necessária para reverter o cenário de déficit hídrico. Existem áreas com índices em torno de 60% de umidade do solo no noroeste do Rio Grande do Sul, o que pode ser considerado uma umidade mais satisfatória. No entanto, na maior parte do estado ainda há áreas com umidade em torno de 40% e no sul gaúcho, os índices estão abaixo de 30%.
As áreas produtoras foram bastante afetadas por conta desta estiagem. Segundo o último relatório da Emater do Rio Grande do Sul, cerca de 60% da soja no estado já foi colhida, mas relatando também um aumento das perdas da safra 2019/2020. Nos relatórios foram constatados que muitas plantas morreram em decorrência do estresse hídrico, do calor excessivo, e também plantas que aceleraram a sua maturação apresentando grãos pequenos e chocos.
Com relação ao milho, 82% das lavouras já foram colhidas e de modo geral apresentaram baixa perda, porém os números das perdas tendem a aumentar quando inserimos as lavouras do milho segunda safra atingidas pela estiagem.
A principal preocupação dos produtores é com relação a alimentação do gado no período de vazio forrageiro, pois a produção de silagem do milho segunda safra resultará em pouca quantidade e em baixa qualidade nutricional.
Falando de arroz, 56% da safra atual já foi colhida, a produtividade está alta, mas isso pode mudar devido ao racionamento de água nas lavouras mais tardias.
O feijão também foi muito prejudicado em algumas localidades do Rio Grande do Sul devido à estiagem. As perdas estimadas estão em 60%.
Com relação às hortaliças, a chuva no final de março foi benéfica para o desenvolvimento das hortas, porém, apenas 30% dos feirantes estão comercializando seus produtos devido à falta de chuva regular, há necessidade de irrigação.