A forte queda dos preços do petróleo derrubou as cotações externas do algodão para o menor nível dos últimos 10 anos, de acordo com a consultoria Cogo – Inteligência em Agronegócio. O índice Cotlook A caiu para 60 centavos de dólar por libra-peso, contra 87 centavos de dólar em abril de 2019, queda de aproximadamente 25%.
Nos últimos 30 dias, o indicador do algodão em pluma Cepea/Esalq, com pagamento em oito dias, acumula baixa de 7,2%, cotado a R$ 2,73 por libra-peso, com a alta do dólar sendo insuficiente para compensar a forte baixa das cotações internacionais.
De acordo com a consultoria, os preços devem seguir pressionados pela demanda global de têxteis enfraquecida e pelo patamar mais baixo dos preços do petróleo.
Em anos recentes, o consumo de fibras em nível mundial implicou em redução da participação do algodão e em aumento da participação de fibras artificiais e sintéticas, com destaque para o poliéster. “Enquanto em 2011, 33% das fibras utilizadas no mundo eram de algodão, em 2019, esse volume caiu para 25%”, informa.
Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2011, o consumo per capita de algodão era de 3,38 kg e o de outras fibras, de 7,40 kg. Já m 2018, o consumo mundial de algodão por habitante era de 3,41 kg, enquanto o de outras fibras cresceu para 9,25 kg.
Como fica o produtor brasileiro?
A safra atual está com a comercialização bastante avançada, o que impede que ocorra uma queda da renda do cotonicultor em 2020, aponta a Cogo. “O mercado de algodão em pluma segue com baixa liquidez no Brasil, com vendedores mais ativos e flexíveis nos preços pedidos no spot, especialmente para a pluma de baixa qualidade, já os que ainda detêm pluma de qualidade superior continuam firmes”, diz.
A demanda, por sua vez, está bastante restrita, pois apenas uma parcela das indústrias está ativa, sendo que muitas utilizam apenas parte da capacidade de produção e dão preferência para a matéria-prima em estoque.
As exportações brasileiras atingiram 140,7 mil toneladas em março de 2020, aumento de 35,1% em relação às 104,3 mil toneladas embarcadas no mesmo mês de 2019. “Os números refletem uma safra maior de algodão do Brasil, que permitiu um crescimento das vendas externas, e a disputa comercial entre Estados Unidos e China, que direcionou o interesse chinês para a fibra brasileira”, afirma.
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