A comercialização da safra nova de café do Cerrado de Minas Gerais, que começa a ser colhida em maio, está mais adiantada que o normal este ano. Os produtores estão aproveitando os preços melhores garantidos pela valorização do dólar.
De acordo com o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sérgio de Assis, cerca de 40% a 50% da safra de 2020/2021 já foi negociada para entrega futura, enquanto o normal para o período seria de 30% a 35%. O produtor também já está vendendo mais que o normal para safras futuras, incluindo a produção de 2021 e 2022. Além disso, apenas 10% da safra colhida ano passado ainda resta a ser negociada.
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O fator determinante para as vendas estarem adiantadas são os preços favoráveis ao produtor. “Fomos agraciados pelo dólar”, comentou Francisco Sérgio. Ele lembra que a moeda norte-americana chegou a acumular uma alta de mais de 40% neste ano.
“Os vendedores estão vendendo mais antecipadamente, pensando mais na rentabilidade”, aponta. Assim, o produtor brasileiro está fazendo o certo, segundo Francisco Sérgio, como os agricultores americanos, exemplificou, que chegam a vender 80% da safra antecipadamente.
Ele ressaltou ainda a importância de o produtor usar as negociações futuras para garantir preço. E com as cotações vantajosas em reais, o cafeicultor de fato está aproveitando mais. Ele acredita que o dólar deve seguir garantindo remuneração ao produtor, especialmente com o governo sinalizando taxas juros mais baixas.
Sobre o movimento dos compradores, Francisco Sérgio disse que a demanda externa está mais agressiva no spot, para entregas mais próximas, especialmente com o problema do coronavírus. E esse é o problema do comprador manter estoques curtos. “É lindo isso da estratégia just in time quando não tem problema algum. Mas quando algo ocorre, é bem diferente”, indica.