O dólar comercial ampliou as perdas frente ao real e opera abaixo do nível de R$ 5 pela primeira vez desde 26 de
março quando atingiu as mínimas de R$ 4,97. O otimismo que prevalece no exterior após a divulgação de dados melhores do que o esperado do mercado de trabalho norte-americano, o payroll, levaram a moeda aos menores níveis em 11 semanas.
“A moeda furou uma importante marca dos R$ 5 após um payroll surpreendente”, comenta o diretor de uma corretora nacional. Foram criadas 2,5 milhões de vagas de trabalho nos Estados Unidos, no mês passado, ante
expectativa de fechamento de 8,750 milhões de vagas. Já a taxa de desemprego caiu para 13,3%, de 14,7% registrado em abril, mas analistas previam alta a 19,7%.
O economista da Tendências Consultoria, Sílvio Campos, avalia que o resultado surpreendeu “largamente” o mercado, tendo em vista que a visão consensual ainda apontava para o fechamento expressivo de empregos. “A melhora inesperada renova o otimismo com a superação da fase mais aguda da crise. Como sempre, sinais positivos da maior economia do mundo representam uma injeção de ânimo às expectativas dos agentes econômicos”, diz.
Apesar dos números abaixo do esperado, o Departamento do Trabalho norte-americano, órgão do governo responsável pela elaboração do payroll, explicou que a taxa real de desemprego provavelmente foi maior do que a reportada porque algumas pessoas que deveriam ser contabilizadas como desempregadas foram consideradas como empregadas.
“Os trabalhadores que indicaram não estar trabalhando durante toda a semana de referência da pesquisa e que esperam ser reconvocados para seus empregos deveriam ser classificados como desempregados sob dispensa temporária. Em maio, um grande número de pessoas foi classificado como desempregado sob dispensa temporária”, diz o órgão acrescentando que também houve um grande número de trabalhadores que foram classificados como empregados, mas ausentes do trabalho.
Campos pondera que, apesar das divergências, o resultado não invalida a melhora observada. “Nesse sentido, a rápida retomada do mercado de trabalho surpreende e os dados reiteram o alto dinamismo da economia norte-americana, com sua capacidade de absorver choques e superá-los rapidamente”, reforça.
Às 11h17 (de Brasília), o dólar à vista recuava 3,03%, negociado a R$ 4,9770 para venda, depois de operar nas mínimas de R$ 4,9650 (-3,27%) e máxima de R$ 5,0800 (-1,03%). O contrato para julho tinha queda de 2,71%, a R$ 4,9870.