O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou uma linha de crédito de R$ 3 bilhões de reais para financiar a estocagem de etanol, esse era um dos temas mais esperados pelo setor sucroenergético.
A expectativa do programa BNDES de apoio ao setor sucroalcooleiro é armazenar 6 bilhões de litros de etanol, aproximadamente 20% da produção nacional. O BNDES disponibilizará R$ 1,5 bilhão para empresas, cooperativas e empresários individuais com receita bruta operacional mínima de R$ 300 milhões.Os financiamentos podem variar entre R$ 10 milhões e R$ 200 milhões, os contratos até 50% do valor emprestado terá como base os fundos do BNDES, o valor restante será de recursos próprios dos bancos que operam a linha de crédito.
Os financiamentos poderão ser fechados nas instituições financeiras ou diretamente com o BNDES e os custos da operação serão a soma da TLP (taxa de longo prazo), 1,5% e o spread de risco. A taxa de 1,5% pode cair caso a empresa se comprometa a manter 90% do quadro de funcionários por 2 meses ou realizar acordos coletivos em caso de demissão. Os prazos de pagamentos serão de até 2 anos, com até 12 meses de carência, a garantia dos financiamentos será o etanol estocado.
Para o presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), a linha de crédito poderia ser melhor para o setor.
“Eu saúdo essa medida mas não aquilo que achávamos necessário. Precisaria ser uma linha mais avantajada e com condições de acesso mais favorecidas, eu temo muito que só uma parcela das empresas consigam ter acesso a esse crédito. Ao longo desse período da pandemia discutimos outras medidas como a questão da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que poderiam dar competitividade do etanol, lamento que isso não foi ouvido no governo”, comenta o deputado federal.
De acordo com o comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, a medida representa um alívio e um “gás” ao ramo, em um momento que o setor começa a se recuperar diante da alta do preço do petróleo, visto que a economia começa a ter uma reabertura aos poucos, o que resultará no aumento da demanda pelo etanol. Dauod crê que o financiamento é adequando por conta da carência de 12 meses para o pagamento e dá como garantia o próprio etanol, oferecendo uma janela de tempo para que o setor sucroenergético se recupere.
“Discordo do deputado Arnaldo Jardim, no momento que estamos vivendo não dá acrescentar outro imposto como o Cide, assim como não é possível aplicar isenção tributária. Quando você compara esse benefício do setor sucroalcooleiro com o benefício do Plano Safra que provavelmente virá, você percebe que o plano tem uma desvantagem muito grande, não é um benefício, deveria no mínimo ter taxas iguais. Eu acredito que a linha de crédito ajuda muito o setor que já não vinha tão bem mesmo antes da pandemia, mas acredito que o Plano Safra poderia ter mais vantagens”, finaliza Daoud