Baixa oferta de citros mantém preços elevados em 2010

Menor oferta de laranja brasileira sustentou os preços internacionais do sucoA baixa oferta de laranja no Estado de São Paulo, tanto ao mercado in natura quanto à indústria, manteve elevada a cotação da fruta na temporada de 2010. Em dezembro, a média mensal da laranja atingiu o maior patamar nominal de toda a série de preços do Cepea, iniciada em 1995.

No segundo semestre de 2010, principal período de colheita da pêra, a fruta foi comercializada a R$ 17,62 por caixa no mercado in natura, média 135% superior à do mesmo período de 2009. Para a laranja as cotações nesse período chegaram a ficar 171% acima das verificadas no segundo semestre de 2009.

A menor oferta de laranja brasileira sustentou os preços internacionais do suco. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os contratos do suco congelado foram negociados acima dos US$ 2.000,00/tonelada em praticamente todo o ano.

Ainda que os dados finais sobre a produção paulista não tenham sido divulgados, números apresentados pela Cutrale indicam que a safra 2010/11 pode totalizar 271,7 milhões de caixas, se considerada a produção de São Paulo e a do Triângulo Mineiro, volume 14,4% menor que o da temporada anterior. Já segundo informações da Conab, que considera apenas o Estado de São Paulo, a safra deve ser ainda maior, com 292,7 milhões de caixas.

A redução na safra 2010/11 esteve atrelada à estiagem prolongada entre o outono e o inverno de 2010, o que causou perda de peso do fruto e até a queda de laranja nos pomares mais debilitados. Para garantir o processamento, indústrias intensificaram o fechamento de contratos logo no início da safra, em abril, adquirindo praticamente todo o volume necessário para a moagem. Assim, boa parte dos produtores acabou fechando contrato para uma ou duas safras, a maioria envolvendo 100% da sua produção, a preços entre R$ 12,00 e R$ 15,00/cx de 40,8 kg para todas as variedades.

Dessa forma, a disponibilidade de frutas para o mercado doméstico ficou bastante limitada. No segundo semestre, a intensificação da estiagem em todas as regiões paulistas resultou em frutos murchos, prejudicando a qualidade para o mercado in natura e exigindo um maior número de laranjas por caixa. Além disso, com a possibilidade de perder os frutos das árvores mais debilitadas, produtores aceleraram a colheita. No entanto, muitos tiveram problemas com a falta de mão-de-obra e com as filas nas indústrias, ampliando as perdas.

Quanto à lima ácida tahiti, os preços registraram valores elevados no primeiro semestre de 2010. Assim, produtores ficaram na expectativa de cotações ainda mais altas para o segundo semestre, já que a oferta no período geralmente diminui.  Havia a expectativa de que a caixa de 27 quilos atingisse patamares semelhantes aos de outubro de 2008, quando a média superou os R$ 50,00/cx de 27 kg, colhida. No entanto, a menor qualidade da fruta e a demanda desaquecida limitaram o avanço dos preços, e a média de outubro fechou a R$ 25,42/cx de 27 kg.

No mercado internacional, a produção de laranja da Flórida da safra 2009/10, terminada em julho deste ano, foi estimada em 133,6 milhões de caixas, redução de 18% em relação à anterior, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A produção na temporada foi bem menor que a esperada, devido à ocorrência de geadas no Estado norte-americano. Além disso, o rendimento das frutas, também prejudicado pelas geadas, foi menor.

Para a safra 2010/11, o número de árvores também reduziu na Flórida. Em relatório divulgado em setembro, o USDA indicou queda de 2% no número de árvores em produção na Flórida, passando de 60,75 para 59,56 milhões. O USDA também apontou aumento de 3% na área citrícola abandonada na Flórida em relação à temporada de 2009, passando para 58,02 mil hectares de pomares não-produtivos.