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Setores do agro se dividem sobre juros e recursos do Plano Safra

Algumas entidades avaliaram como positivos os números divulgados pelo governo, mas outras apontaram falhas e taxas que poderiam melhorar; confira

Com o anúncio do plano safra 2020/21, muitas entidades se manifestaram em relação ao volume e condições para acessar crédito agrícola nesta safra. A maioria não está satisfeita com os juros que vão ser praticados na próxima temporada, como é o caso da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), que avalia que os suinocultores já têm custos bancários demais.

“Se nós olharmos a realidade dos juros hoje da Selic, [os juros do Plano Safra] estão muito acima do que poderia estar. Acho que o governo e os ministérios a Agricultura e Economia perderam uma grande oportunidade de realmente apresentar um Plano Safra com juros adequados dentro da realidade hoje do mercado brasileiro”, disse o presidente da associação, Valdecir Folador.

A Federação de Agricultura do Paraná (Faep), representada pelo coordenador do Departamento Técnico da entidade, Jefrey Albers, criticou os juros para acesso ao crédito. “É um plano que seguramente atende às necessidades e um aspecto importante é relacionado ao seguro rural. Com aumento da subvenção ao prêmio, teremos mais garantias para o produtor, com aumento de cobertura e volume de contratações deve ser maior e um ganho para o setor do agronegócio”, analisou.

O presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, acredita que, mesmo com as taxas de juros no patamar acima da praticada pela Selic, o setor pode se beneficiar diante do aumento da safra. “Eu acredito que mesmo com essas taxas, se nós tivermos uma produção de 2020/2021 com uma boa produtividade e um mercado compatível com o custo de produção, vamos conseguir fazer um grande ano com bom resultado”.

Os produtores de leite e arroz parabenizaram o governo pela alta no volume destinado ao seguro rural, que passou de R$ 1 bilhão para R$ 1,3 bilhão, e aqueda nos juros. “Eu vejo com muito bons olhos essa queda de juros, pois torna o setor mais competitivo a nível nacional e internacional”, falou Juliano Carvalho Barbosa, presidente da Aprol.

“É muito importante que se aumente o valor subsidiado do seguro, que vai trazer mais segurança para os produtores e uma menor necessidade de atuação do governo em planos de recuperação e estruturação do setor, como as negociações”, disse o presidente da Federarroz, Alexandre Velho.

Já o presidente da ACGO América do Sul, Luis Felli, avaliou que com todos os desafios da crise de Covid-19, o agro brasileiro terá mais uma boa temporada. “Considerando que estamos no momento de pandemia, mesmo nesse contexto desafiador, acho que se sai um plano safra mais competitivo, com recursos, e que vai preparar para que o agro brasileiro consiga ter mais um ano de grande sucesso”, disse.

Para João Marchesan, presidente da Abimaq, o setor de teve uma má notícia no anúncio. “Houve uma mudança muito grave e que vai tolher grande parte dos agricultores, pois o limite que era de R$ 90 milhões para o faturamento bruto, agora é de R$ 45 milhões. Isso vai deixar grande parte dos agricultores de fora, além do fato do recursos que vai ser insuficiente na necessidade que a agricultura brasileira precisa para financiar a próxima safra”.