Equipes do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Alimentar (Senasa) da Argentina que participam do controle da nuvem de gafanhotos nesta terça-feira, 29, devem voltar aos trabalhos nesta quarta, 30, para combater o restante dos insetos, que se encontram na região de Sauce, província de Corrientes.
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Os técnicos argentinos tiveram que se deslocar em caminhonetes e ainda andar mais de uma hora a cavalo para chegar ao ponto onde a praga estava desde a noite de segunda, 28. Com as pulverizações suspensas devido ao mau tempo, a equipe mapeou a área onde os gafanhotos estão e devem realizar o controle novamente.
“Um polígono com a presença da praga foi delimitado, onde amanhã [quarta-feira], se as condições climáticas permitirem, os tratamentos fitossanitários seriam realizados por via aérea, a cargo da Diretoria de Produção Vegetal da província de Corrientes”, disse o Senasa no Twitter. “Vai depender das condições do vento”, explica o representante local das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Martin Rapetti.
Em uma imagem postada na rede social, é possível ver os gafanhotos cobrindo o tronco de uma árvore.
#Alerta #Langosta #gafanhotos #LocustsSwarm ⚠️🦗
Informe sobre el estado de situación de la plaga – 30/6.
Se determinó ubicación exacta de la manga y mañana continuarían los tratamientos para reducirla. pic.twitter.com/u6yVaGhls8— Senasa Argentina (@SenasaAR) July 1, 2020
Brasil em alerta
Enquanto a chuva mantinha nesta terça os gafanhotos no chão, e impedia o seu combate, no Brasil a prontidão na fronteira com o Rio Grande do Sul era reforçada pela mudança de ventos em direção ao Brasil e Uruguai. Conforme o fiscal agropecuário Juliano Ritter, da Secretaria de Agricultura do estado, o vento passou a soprar no sentido sudoeste, com rajadas de 20 quilômetros por hora. “Bem em direção ao estado”. Segundo ele, a sorte para argentinos e brasileiros estava na temperatura mais baixa, que diminuiu a mobilidade dos gafanhotos.
No entanto, segundo o professor Mauricio Paulo Batistella Pasini, doutor em entomologia e pesquisador da Universidade de Cruz Alta (Unicruz), o mau tempo, sozinho, não elimina os gafanhotos. “A chuva apenas impede a migração. Os gafanhotos ficam onde estão e voltam a migrar depois que a chuva passa. O que elimina os insetos é o frio. A partir de 5 ºC, já eliminaria alguns indivíduos. Mas, para o clima acabar com a nuvem, é preciso temperaturas abaixo de 0 ºC.”
Plano brasileiro de combate
O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) entregou ao Ministério da Agricultura um plano nacional permanente contra pragas de gafanhotos no Brasil. O material vinha sendo elaborado desde a última semana, a pedido do próprio ministério, e agora deve ser avaliado pelos técnicos da pasta para compor uma estratégia oficial definitiva.
“Agora o Mapa [Ministério da Agricultura] deverá avaliar e propor as alterações e acréscimos necessários ao texto preliminar do Sindag”, explica o presidente da entidade, Thiago Magalhães Silva. Um resumo do trabalho seve ser apresentado na quinta-feira, 2, pela manhã, durante a videoconferência do Sindag com suas coirmãs dos países vizinhos: a Federação Argentina de Câmaras Agroaéreas (Fearca) e a Associação Nacional de Empresas Aeroagrícolas Privadas do Uruguai (Anepa). O encontro terá a participação também de representantes do Ministério da Agricultura de cada país.