Em resposta aos preços favoráveis, grandes produtores aumentaram a área plantada, de forma que a expectativa era de que, em 2010, o mercado voltasse a ter algum equilíbrio entre oferta e demanda, em termos agregados. No entanto, quebra de safra em produtores importantes por fatores climáticos, e a oscilação do dólar contribuíram para a volta da instabilidade.
A produção e as exportações brasileiras evidenciaram o papel de destaque do Brasil no mercado mundial de açúcar. A safra brasileira de cana, apesar de superior à passada, ficou abaixo da expectativa inicial do setor, acentuando os aumentos de preços internacionais praticamente a cada divulgação de safra feita pela Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar). A escassez da commodity, os baixos estoques e a dificuldade em prever quando o mercado poderá voltar à normalidade fizeram com que o ano de 2010 ficasse marcado por novas e fortes altas de preços, batendo recordes nos mercados internos e externos.
No Brasil, conforme dados do Cepea, o ano começou com preços bem elevados, acima dos R$ 70,00/saca de 50 kg, próximos aos praticados em dezembro. Com a desvalorização das bolsas internacionais e início da colheita 2010/11 na região Centro-Sul, usinas não conseguiram manter tais patamares e voltaram a vender açúcar cristal de boa qualidade na casa dos R$ 40,00.
Batendo recordes de trinta anos, a Bolsa de Nova York (ICE Futures), principal referência internacional para o mercado de açúcar, chegou a US$ 0,339 por libra-peso, no dia 23 de dezembro. No início do ano, a cotação até chegou ao redor de US$ 0,29, mas foi somente no final de 2010 que ela rompeu a barreira dos US$ 0,30 e seguiu avançando até o patamar atual.
Bem diferente das previsões iniciais sobre a safra da região Centro-Sul brasileira, que chegavam próximo a 590 milhões de toneladas de cana moída. De acordo com a Unica, a safra 2010/11 não deve chegar a 560 milhões. De 1º de abril a 1º de dezembro, a moagem somava 543,68 milhões de toneladas de cana, um aumento de 8,86% sobre 2009/10, resultando em produção de 33,02 milhões de toneladas de açúcar, com elevação de 24,61%.
Segundo dados da Secex, as exportações de açúcar bruto (VHP) totalizaram 17,7 milhões de toneladas de abril a dezembro de 2010, 37% a mais que no mesmo período de 2009 (12,9 milhões). Ao longo do último ano, a remuneração proporcionada pelo açúcar esteve sempre acima da obtida com o etanol, segundo cálculos do Cepea. No dia 30 de dezembro, o Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ fechou a R$ 76,32/saca de 50 kg, ligeira alta de 1,01% no acumulado do mês.