Algodão atinge máximas históricas de preço em 2010

Em resultado, o Brasil teve a menor relação estoque/consumo dos últimos 15 anosNo último ano, com os preços do algodão atingindo máximas históricas nos mercados interno e externo, as expectativas que pairavam sobre o setor se confirmaram. O que resultou na menor relação estoque/consumo dos últimos 15 anos. O crescimento da demanda foi reflexo do avanço da economia mundial até de forma relativamente mais rápida do que agentes esperavam, enquanto a redução da oferta esteve relacionada à menor área cultivada e redução da produtividade em alguns importantes países produtores.

Desde o início de 2010, os preços seguiram em alta nos mercado interno e externo, resultando em baixos estoques no período de entressafra. Somente em maio os preços do algodão em pluma caíram no mercado brasileiro, interrompendo o movimento crescente. Conforme pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) naquele período, a pressão veio tanto da retração de alguns compradores como pelo maior interesse de produtores em liquidar estoques, especialmente com a intensificação da colheita no Cerrado brasileiro. Isso porque, em maio, a safra de Goiás e de Mato Grosso do Sul começou a se juntar à oferta da Bahia, reforçando a argumentação de compradores, que ofertavam menores cotações.

No início do segundo semestre de 2010, com preços retomando o ritmo de alta, compradores estiveram mais cautelosos em novas negociações, na expectativa de que os preços pudessem ceder com o avanço da colheita. A demanda por algodão no Brasil e no mundo se acirrou nesse período, devido aos baixos estoques. No país, a necessidade de compra das indústrias superava a disponibilidade de produto para comercialização, levando o setor a buscar alternativas na importação. Já em setembro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) liberou a importação de 250 mil toneladas de algodão no período de outubro/10 a maio/11 sem a Tarifa Externa Comum (TEC), mas praticamente sem efeito sobre amenização de altas.

Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontaram que a produção da safra 2009/10 foi de 1,194 milhão de toneladas, diminuição de 1,6% frente à temporada 2008/09. Esse recuo, segundo a Conab, deveu-se principalmente à expressiva redução de área na região Nordeste e à menor produtividade no Centro-Sul, devido ao clima desfavorável. A quebra na produtividade no Mato Grosso, maior produtor nacional, foi de 14,6%. Já na Bahia, com condições climáticas favoráveis, a produtividade teve aumento de 16,6%.

Quanto às exportações, de janeiro a dezembro de 2010, o Brasil embarcou 512,5 mil toneladas de algodão em pluma, volume 1,5% maior que o do mesmo período de 2009. Entre o último dia de 2009 e 27 de dezembro de 2010, o Indicador CEPEA/ESALQ teve expressiva alta de 114,86%, fechando a R$ 2,9147/lp, valor recorde. Na parcial de dezembro, o Indicador subiu 8,69%.

No mercado internacional, o primeiro vencimento da Bolsa de Nova York (ICE Futures) subiu 93,24% na parcial do ano, com o contrato Mar/11 fechando a US$ 1,4576/lp no dia 27. Já o índice Cotlook A teve aumento de 123,9%, fechando a US$ 1,7565/lp no mesmo período. No ano, o real valorizou ligeiros 3,1% frente ao dólar. Mesmo assim, a paridade de exportação calculada pelo Cepea, FOB Paranaguá, teve alta de 134,81%, para R$ 2,6881/lp até o dia 23.