A gestora de recursos Novus Capital aponta que o dólar deve cair para R$ 4,70 até o fim de 2020. A empresa ficou em segundo lugar no ranking Top 5 da Pesquisa Focus do Banco Central, em projeções para a taxa de câmbio. De acordo com o economista-chefe da empresa, Tomás Goulart, o real se beneficiaria positivamente de um movimento global de enfraquecimento da moeda americana.
O real foi a moeda que mais sofreu ajustes negativos a partir do fortalecimento do dólar no primeiro semestre, em virtude da recessão causada pelo novo coronavírus. Para Goulart, é possível que, no segundo semestre, o movimento seja o contrário, com o dólar se enfraquecendo e o real se beneficiando mais do que a média de outros países emergentes.
O dólar teve queda acumulada de 4% em julho, fechando o mês cotado a R$ 5,217, o primeiro recuo mensal em 2020. O rápido ajuste nas contas externas brasileiras e indícios de retomada da economia motivaram a valorização do real.
Apesar do recuo em julho, no acumulado do ano a moeda americana já atinge alta de 30%. Os motivos são a queda da taxa de juros e pela piora da perspectiva fiscal do país, com a crise causada pelo novo coronavírus.
Risco no segundo semestre
Goulart acredita que o principal risco atual para o segundo semestre, no qual os investidores devem ficar bastante atentos, está relacionado às eleições americanas. O economista afirma que uma reeleição do presidente Donald Trump poderia interromper o cenário base atual de depreciação do dólar no mundo e gerar pressão de baixa para todas as outras divisas, sobretudo às emergentes, como o caso do real. No entanto, no caso de eleição do candidato democrata, Joe Biden, o cenário base projetado pelo economista se manteria, e o real poderia se beneficiar positivamente de um enfraquecimento global do dólar.
Redução da Selic
Por fim, o economista argumenta que o mercado já projeto que o Banco Central deve reduzir a taxa Selic para 2% ao ano. A Novus Capital aguarda sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ciclo de redução esteja próximo do fim. Goulart afirma que, mesmo com o corte na taxa sendo amplamente aguardado pelo mercado, no curtíssimo prazo geralmente há alguma reação que pode pressionar a moeda brasileira. Mas, que Para prazos mais longos, no entanto, a redução do diferencial de juros entre Brasil e o resto do mundo já estaria próxima de seu grau máximo, não devendo gerar desvalorização adicional do real.