Agronegócio

Mourão convida DiCaprio a visitar Amazônia para entender 'como funciona' a região

Na sexta-feira, 14, o ator americano disse em seu perfil no Instagram que estava preocupado com os incêndios na floresta amazônica; ele escreveu que, no passado, Bolsonaro duvidou da gravidade das queimadas

Foto: Romério Cunha/Vice-Presidência da República

Nesta quarta-feira, 19, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, convidou o ator norte-americano Leonardo DiCaprio para conhecer a floresta amazônica. Mourão participava de uma live a respeito dos desafios e oportunidade da região amazônica e, após explicar as divisões do bioma Amazônia, fez o convite em tom sarcástico.

“A Amazônia não é uma coisa única. Existem 22 tipos de florestas aqui dentro. Não é uma floresta única e muito menos uma planície. Eu gostaria de convidar o nosso mais recente crítico, o nosso ator Leonardo DiCaprio, para ir comigo a São Gabriel da Cachoeira. Nós fazemos uma marcha de oito horas pela selva, entre o aeroporto e São Gabriel e a estrada de Cucuí. Ele vai aprender em cada socavão que ele tiver que passar que a Amazônia não é uma planície. E aí entenderá melhor como funcionam as coisas nessa enorme região”, provocou.

Na última sexta-feira, 14, DiCaprio usou as redes sociais para fazer uma publicação demonstrando preocupação com os incêndios registrados na Amazônia nas últimas semanas. O ator reproduziu um vídeo feito pelo jornal britânico The Guardian e, na legenda, criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro diante das ameaças ambientais.

“O número de queimadas na Amazônia brasileira em julho cresceu 28% em relação ao mesmo mês no ano passado, de acordo com dados da agência brasileira de estudos espaciais Inpe. Números recentes de agosto também mostram um aumento de 7%. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está sob pressão internacional para reduzir os fogos, mas ele publicamente duvidou da severidade da situação no passado afirmando que oponentes e comunidades indígenas eram os responsáveis”,  escreveu na legenda da publicação.

 

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From The @Guardian: The number of fires burning in Brazil’s Amazon in July was up 28% on the same month last year, according to data from Brazil’s space research agency INPE. Early numbers for August also show a 7% increase. Brazil’s president, Jair Bolsonaro, is under pressure internationally to curb the fires, but he has publicly doubted the severity of them in the past claiming opponents and indigenous communities were responsible. Last year’s Amazon wildfires were devastating enough, but with the weather being drier this year so far, as well as the Coronavirus pandemic which has killed more than 99,000 Brazilians, there is growing concern that the ongoing deforestation isn’t getting enough attention. . . . . . . #Brazil #Amazon #Rainforest #Wildfires #Deforestation

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O clima de tensão entre Bolsonaro e DiCaprio não é novo. Em novembro do ano passado, durante uma das tradicionais lives feitas pelo presidente às quintas-feiras, o presidente acusou o ator de contribuir para as queimadas na Amazônia. À época, Bolsonaro culpava ONGs ambientais de provocarem incêndios criminosos no bioma.

Regularização fundiária

Durante a participação na live desta quarta, Mourão também abordou o tema da regularização fundiária. A medida é defendida pelo Conselho Nacional da Amazônia como uma forma de controle das ocupações já realizadas no bioma e eventual responsabilização por crimes ambientais.

“Amanhã [quinta-feira, 20], eu vou fazer uma reunião com os ministros do Meio Ambiente, da Agricultura e do GSI [Gabinete de Segurança Institucional] para apresentar um sistema de sensoriamento remoto que vai dar uma capacidade de verificação muito melhor do que já temos hoje. Até o final deste ano espero que a gente consiga avançar nessa questão da regularização fundiária”, expôs.

Em julho, após a 2ª Reunião do Conselho Nacional da Amazônia, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou que o governo começaria o trabalho de regularização fundiária em propriedades com até quatro módulos fiscais utilizando sistema de sensoriamento remoto.

Com base na lei 11.952 de 2009, criado pelo governo Lula à luz do Programa Terra Legal, o Ministério da Agricultura aliado ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária pretendem iniciar o processo de titulação em áreas ocupadas na Amazônia Legal.

No último mês, Cristina anunciou que a pasta comandada por ela editaria um decreto adequando a lei de 2009 ao uso do sensoriamento remoto. A lei já prevê dispensa de vistoria prévia. O ajuste legal traria mais segurança jurídica ao governo.

Essa foi a medida encontrada pelo Executivo para dar início à regularização, enquanto parlamentares debatem no Congresso Nacional o projeto de lei 2633/2020. O governo espera que, assim que o projeto for aprovado, o sensoriamento remoto também possa ser utilizado na titulação de imóveis rurais com até seis módulos fiscais.