Ao sair da capital Kartum, é possível observar dezenas de vilarejos geralmente cercados por pequenas lavouras. Homens que caminham longas distâncias em busca de comida para o rebanho. Mulas, bicicletas improvisadas. São imagens típicas da região. Porém, o governo sudanês pretende em parceria com o Brasil modificar em alguns anos essa realidade.
Depois de andar 400 quilômetros saindo de Kartum, a equipe do Canal Rural chega ao Estado de Sinnar, que fica no centro do Sudão. É onde acontece o projeto Rahad, que está mudando o cenário do maior país africano.
O projeto comprova que com investimento em tecnologia, o resultado pode ser positivo. São 126 mil hectares irrigados com a água do rio Nilo Azul, o que torna possível a paisagem em um local conhecido pelos longos períodos de seca.
O coordenador do projeto Muawia Mohad Ali mostra orgulhoso a planta de Rahad que iniciou em 1977 com seis blocos de irrigação e terminou em 2002 com 10 blocos. Entre as máquinas usadas no local, estão muitas trazidas do outro lado do Atlântico. Porém, em terras estrangeiras, os costumes estão em primeiro lugar. Não basta só conferir o trabalho nas lavouras, é preciso comprovar a qualidade do produto.
A equipe de reportagem segue viagem em direção ao maior complexo mundial integrado para cultivo de cana-de-açúcar, que fica no Estado do Nilo Branco. Kenana tem 168 mil hectares de cana irrigada e produz por ano 425 mil toneladas de açúcar e 65 milhões de litros de etanol. A usina de etanol foi projetada no Brasil e há dois anos exporta para a Europa.
? A partir do momento em que eles começaram a produzir o etanol em equipamento brasileiro, começaram a exportar também para Europa, porque há acordos tarifários especiais com os africanos. Com isso, o etanol sudanês entra na Europa enquanto o brasileiro não. É uma ironia, mas é uma maneira triangular da exportação brasileira. Tecnologia brasileira exportada para o Sudão que acaba favorecendo um país menos favorecido a agregar valor e exportar ? afirma o empresário Paulo Hegg.
? Nós somos o primeiro país na África a importar uma usina brasileira de etanol e nós exportamos etanol para a Europa. Esse é um exemplo, esse exemplo pode ser repetido centenas de vezes em diferentes indústrias, em diferentes indústrias de alimentos, em diferentes indústrias energéticas. Isso pode ser uma das melhores iniciativas de produzir na África. Eu acredito que o Brasil tem muito a oferecer para o Sudão e será um bom mercado para a indústria brasileira, um bom mercado para a tecnologia brasileira e ao mesmo tempo, uma boa oportunidade para melhorar o desenvolvimento da áfrica ? declara o ministro da Indústria do Sudão, Awad Ahmed Al-Jaz.
O ministro aproveita a presença da equipe do Canal Rural no Sudão e faz um convite aos brasileiros:
? Conheçam o nosso país. Estamos abertos a novas oportunidades. Queremos começar uma nova fase.
Para mostrar a satisfação com a parceria arrisca uma palavra em português :
? Obrigado ? diz o ministro.