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Previsão do tempo indica chuva de 100 mm na virada do mês no extremo sul

Um bloqueio atmosférico mantém uma frente fria estacionada sobre o Rio Grande do Sul, segurando as chuvas em parte do estado

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A formação de um novo bloqueio atmosférico vai manter uma frente fria estacionada sobre parte do Rio Grande do Sul nesta semana. O acumulado de chuva deve passar de 70 milímetros no extremo sul do estado até a próxima sexta-feira, 28, de acordo com a simulação do Centro Europeu.

Rajadas de vento entre 60 km/h e 70 km/h serão sentidas na fronteira oeste e ao longo do litoral gaúcho nesta terça-feira, 25. Além disso, há previsão de chuva com trovoadas e eventual queda de granizo no extremo sul na quarta-feira, 26; na fronteira oeste na quinta-feira, 27; e em boa parte do centro, oeste e sul do estado na sexta-feira, 28. No interior de Itaqui, oeste do Rio Grande do Sul, as rajadas chegam próximas aos 75 km/h na quinta-feira. No domingo, 30 o avanço de uma massa de ar frio deixará o dia com muitos ventos em todo o estado.

Além do Rio Grande do Sul, há previsão de chuva desde o Rio de Janeiro até Pernambuco, no litoral do Maranhão e em boa parte da região Norte. Na maior parte do Brasil, no entanto, o tempo permanecerá seco durante toda a semana, permitindo a retomada dos trabalhos em campo.

Na virada do mês, entre 29 de agosto e 2 de setembro, a chuva permanecerá mais intensa sobre a metade sul do Rio Grande do Sul, acumulando mais de 100 milímetros em apenas cinco dias. “Depois de muita chuva sobre o Paraná, a bola da vez será o sul do Rio Grande do Sul. Por um lado, a chuva forte aumenta nível de reservatórios, mas por outro lado, paralisa as atividades de campo”, afirma Celso Oliveira, meteorologista da Somar. Além do sul do Rio Grande do Sul, há previsão de chuva mais fraca no sul de Santa Catarina, leste do Nordeste, Espírito Santo, região Norte e noroeste de Mato Grosso.

Apesar do retorno da chuva a Mato Grosso, mesmo que o vazio sanitário tivesse terminado, o acumulado não seria suficiente para um início seguro da instalação das lavouras. Aliás, a previsão para setembro é de chuva inferior ao normal em boa parte do Brasil por conta do oceano Pacífico mais frio.

Semana mais fria

Embora não exista previsão de geadas em áreas produtoras vulneráveis, a semana será mais fria do que o normal no norte do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e em boa parte da região Sudeste. Áreas mais elevadas de Minas Gerais vão registrar mínimas entre 3 °C e 6 °C.

Por outro lado, o calor acima do normal será percebido no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso. A temperatura máxima passa de 36 °C desde o Pantanal de Mato Grosso do Sul até o Tocantins.

Na semana que vem, a temperatura vai diminuir no Rio Grande do Sul, mas não há expectativa de geadas. Na segunda semana de setembro, no entanto, o risco de geadas vai aumentar nesse estado.

Chuva e frio

A semana passada foi caracterizada por extremos meteorológicos, a começar pela chuva bem acima do normal para esta época do ano. No oeste de São Paulo e no leste e sul de Mato Grosso do Sul, choveu mais de 160 milímetros, local que não costuma receber 50 milímetros. O total mensal já alcança 225 milímetros em Presidente Prudente (SP), cinco vezes mais do que o normal para época do ano. A chuva paralisou atividades de colheita de cana-de-açúcar e de milho e aumentou o risco de incidência de doenças no trigo.

Por falar em trigo, após a chuva, veio o frio intenso, e o mercado estima que pelo menos 10% da produção nacional foi afetada pela queda acentuada de temperatura. O Paraná foi mais penalizado. No sábado, 22, a temperatura mínima alcançou -6 °C em General Carneiro, 1 °C em Campo Mourão e Santa Helena e 0 °C em Ponta Grossa.

Em Mato Grosso do Sul, a temperatura mínima chegou a 2 °C, mas as geadas em cana-de-açúcar, caso tenham acontecido, foram pontuais.

No sul de Minas Gerais, a chuva acima dos 10 milímetros aumentou a chance de indução floral no café. O acumulado alcançou 22 milímetros em Campos Gerais, 16 milímetros em Machado, 17 milímetros em Três Corações, 14 milímetros em Lavras e 15 milímetros em Varginha.

O hortifrúti de Santa Catarina, terceiro maior produtor de banana do Brasil, sofre com os extremos neste ano. Estiagem no primeiro semestre, ciclone bomba com vendaval no fim de junho e, agora, granizo, ventos fortes e frio intenso pelo avanço de uma massa de ar polar histórica. A oferta do produto por parte do estado permanecerá baixa pelos próximos meses tamanha a quantidade de eventos adversos.