Tempo

A primavera começou; veja como o clima vai se comportar

De acordo com a meteorologia, a estação deve ser marcada por um La Niña, fenômeno que diminui o volume de chuvas no Centro-Sul do Brasil

A primavera, que começou às 10h31 desta terça-feira, 22, será marcada por grandes mudanças em relação ao inverno, começando pelo fenômeno La Niña, que já foi confirmado. A estação terá chuva abaixo da média em grande parte do Centro-Sul do Brasil, a começar pelo Rio Grande do Sul, com precipitações mais espaçadas entre si, diferente do que ocorreu no inverno. Apesar da menor frequência das chuvas no território gaúcho, há períodos em que ela deve vir forte e acompanhada por temporais. Chuva abaixo da média também deve ser verificada no Amapá, na metade norte do Maranhão, norte do Piauí e também no Ceará.

Já em Minas Gerais, quase todo o Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, norte e leste mato-grossense, sul do Tocantins, sul da Bahia, Acre, sudoeste e norte do Amazonas, Roraima e noroeste do Pará, a chuva deve ficar acima da média na estação. Vale ressaltar que é muito comum ocorrer temporais isolados durante a estação, até mesmo nas regiões Norte e Centro-Oeste.

Com relação às temperaturas, valores dentro da normalidade são esperados na maior parte do país. A exceção são os estados do Tocantins, sudoeste do Piauí, metade sul do Maranhão, Pará, grande parte de Mato Grosso, sudeste do Amazonas, leste de Rondônia, sul de Mato Grosso do Sul, oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e noroeste gaúcho, onde as temperaturas devem ficar acima da média. Já no nordeste de São Paulo, sul e parte da região central de Minas Gerais e parte do Rio de Janeiro, valores abaixo da média são esperados.

Agora, olhando para dentro da estação, outubro ainda deve ser marcado por chuva acima da média no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná, com essa situação se revertendo nos meses seguintes. Já no Sudeste, Centro-Oeste (com exceção do sudoeste de Mato Grosso do Sul), interior e oeste da Bahia, sul do Maranhão e do Piauí e quase toda a região Norte do país, os acumulados devem ficar abaixo da média no mês de outubro. Por outro lado, na faixa leste e norte do Nordeste, os volumes ficam entre a média e ligeiramente acima da média.

Quanto às temperaturas, as manhãs devem ser mais quentes que o normal no norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, oeste de São Paulo, leste do Mato Grosso do Sul e norte do Pará. Já em Minas Gerais, Bahia, oeste de Pernambuco, metade sul do Piauí, sudeste do Maranhão, Rondônia, Acre e Amazonas, as temperaturas mínimas ficam abaixo da média. Quanto às temperaturas máximas, valores acima da média são esperados para a maior parte do país, com as únicas exceções sendo a Campanha gaúcha, oeste do Paraná, norte e leste de Minas Gerais e quase todo o Nordeste, onde as tardes devem ser menos quentes que o normal.

Já em novembro, a expectativa é de que as chuvas finalmente retornem de forma mais frequente a Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, Goiás, sul de Rondônia, norte de Minas Gerais, norte do Espírito Santo, interior e oeste da Bahia e interior dos demais estados do Nordeste, trazendo acumulados acima da média. Na metade oeste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e norte do Paraná, os acumulados ainda continuam ligeiramente acima da média. Já o Norte do país, merece destaque as anomalias de chuva muito abaixo da média pro Amazonas e sul do Roraima.

Quanto às temperaturas mínimas, manhãs mais frias que o normal são esperadas na maior parte do país, com exceção do nordeste do Pará, Amapá, norte do Maranhão, norte do Ceará, faixa leste do Nordeste e Espírito Santo, onde as mínimas devem ficar dentro do esperado. Já no Rio Grande do Sul, anomalias acima da média são esperadas, com manhãs mais quentes que o normal.

À tarde, temperaturas acima da média são esperadas em praticamente toda a região Norte do país, norte de Mato Grosso, metade sul do Paraná, Santa Catarina e metade norte gaúcha. Já no interior do Nordeste, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, tardes mais frias que o normal são esperadas.

A tendência é que, em dezembro, a situação já mude muito no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com as chuvas devendo ficar abaixo da média climatológica. Chuva abaixo da média também é esperada em São Paulo, sul de Minas, Rio de Janeiro, Acre, Amazonas, Roraima e leste do Amapá.

Por outro lado, no Centro-Oeste inteiro, metade norte de Minas, metade norte do Espírito Santo, todo o Nordeste e grande parte do Pará, os acumulados devem ficar acima da média.

Quanto às temperaturas, tanto as mínimas quanto as máximas devem ficar abaixo da média na maior parte do país. No entanto, no Amazonas, Acre, Roraima e Amapá, as tardes devem ser mais quentes que o normal.

Destaques do inverno

O inverno foi marcado pelo oceano Pacífico ainda em período neutro, isso é, sem El Niño e nem La Niña, embora estivesse em processo de resfriamento gradual. O destaque principal foi a persistência de bloqueios atmosféricos sobre o Pacífico, que foram responsáveis por deixar as chuvas mais concentradas sobre o Rio Grande do Sul, deixando a estiagem predominar em grande parte do Brasil central. As frentes frias até conseguiam avançar em direção ao Sudeste, mas de forma muito costeira, trazendo chuva mais pras faixas litorâneas e pouco/praticamente nada pro interior.

Durante o inverno, a chuva ficou acima da média climatológica no norte do Rio Grande do Sul, sudeste e leste de Santa Catarina, extremo norte do Paraná, oeste e sul de São Paulo, interior e parte do leste da Bahia, sul de Sergipe, interior e norte do Ceará, oeste do Amazonas e metade norte do Amapá.

O grande destaque ainda ficou pro norte do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina, que receberam quase toda a chuva do inverno inteiro em uma única semana, que foi marcada por dois ciclones extratropicais fortes, que provocaram muitos danos e até óbitos.

No Brasil Central, os acumulados ficaram dentro da média esperada na maioria das áreas, lembrando que no inverno já não chove quase nada nesses locais. Na região do Pantanal de Mato Grosso do Sul e também no norte do estado, choveu ainda menos do pouco que já costuma chover na estação, e teve grande destaque a umidade relativa do ar, que atingiu níveis críticos várias vezes, além das queimadas que atingiram grandes proporções e trouxeram muitos danos. Aliás, falando em queimadas, não só o Pantanal de Mato Grosso do Sul esteve nesse pacote, como o Pantanal de Mato Grosso e a Amazônia, que foram muito castigados, e a fumaça foi transportada até para outras regiões do país, caracterizando um marco muito triste para 2020. Na capital de Mato Grosso, Cuiabá, a umidade relativa do ar chegou a incríveis 3%, sendo a menor umidade registrada em pelo menos 20 anos.

Outro destaque da estação foram as temperaturas, tanto mínimas quanto máximas, acima da média em grande parte do país, principalmente em Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, noroeste do Paraná e interior paulista. A cidade de Cuiabá chegou a registrar 42,7°C no dia 13 de setembro, a maior temperatura dos últimos 60 anos.

Já as temperaturas mínimas, apesar de ficarem acima da média na maior parte do país, chamou a atenção alguns locais que ficaram abaixo da média, como o norte de Goiás, oeste da Bahia, noroeste do Pará e sudoeste do Amapá. Chamou a atenção os vários episódios de ondas de frio no Rio Grande do Sul e, principalmente, a onda de frio forte que ocorreu na semana do dia 20 de agosto, que trouxe temperaturas negativas e até registro de neve em várias cidades da região Sul do Brasil, inclusive no sul da cidade de Curitiba, onde não nevava desde 2013. Aliás, esse episódio de frio foi intenso ao ponto de trazer friagem para os estados do Acre e Rondônia.