Produtores do café robusta amazônico de Rondônia comemoram o sucesso do projeto piloto de exportação do Porto Público de Porto Velho, que recentemente enviou a primeira remessa do produto genuinamente rondoniense com destino à Coreia do Sul.
Segundo o produtor e presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares da Amazônia (Lacoop), Leandro Dias Martins, após a entrega do produto, o café passa por uma análise sensorial. “O cliente que recebe o produto faz uma análise que contempla uma lista de atributos como: aroma, acidez, amargor, adstringência, salinidade para confirmar o atendimento das exigências do mercado. Estamos ganhando mercado e nossa expectativa é conquistar novos clientes, pretendemos enviar uma nova remessa do produto até o fim de 2020 ”, diz.
A carga, com aproximadamente 40 toneladas e operacionalizada pelo Grupo BDX, foi embalada de forma especial e resistente dentro da sacaria de juta, a fim de conservar o café e evitar oxidação em função da variação de temperatura e umidade.
Para o diretor administrativo, Rafael Martins, a entrega do produto dentro do prazo previsto no ato da contratação reforça a responsabilidade do operador portuário. “O primeiro lote, que foi entregue em setembro, nos coloca em condições de competir com outros mercados. O produto por si só já tem muita qualidade e viabiliza a conquista do mercado internacional, bem como incentiva a produção local e proporciona o crescimento do setor”, afirma.
Enrique Alves, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-RO), diz que a exportação do café representa uma nova janela de oportunidades para a cafeicultura de Rondônia. “Somos um ponto de referência da cafeicultura na Amazônia, formada por agricultores familiares de pequena escala, onde são utilizadas pequenas áreas quando comparada com outras culturas como a soja que precisa de grandes áreas”.
Segundo Alves, a tecnologia nas lavouras evoluiu muito nos últimos 10 anos com o emprego de qualidade nas etapas de produção e pós-colheita, além do uso eficiente de insumos, redução do custo de produção e práticas sustentáveis. “Esses métodos resultam em um café mais puro e livre de resíduos. Essa valorização do produto final propiciou ao produtor o acesso à mercados mais exigentes e competitivos, como Europa e Ásia”, finaliza.
Para o produtor e presidente da Associação dos Cafeicultores da Região das Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travain, este é o momento de reunir esforços e conquistar outros mercados. “Enviamos amostras do produto para Itália, Estados Unidos da América e Holanda. Os produtos tiveram excelente aceitação e estamos em negociação para escoar o produto. Ainda não temos como definir a quantidade, pois dependerá dessa transação comercial. Divulgamos nosso produto e atingimos o nosso objetivo, agora precisamos estabelecer a comercialização”, afirma.
Produção brasileira
O Brasil é o maior produtor, exportador e segundo maior mercado consumidor de café do mundo. O país conta com uma cafeicultura plural e diversificada, com muitos aromas e sabores originados em lavouras das espécies arábica e robusta.
Rondônia é responsável por 97% de todo o café produzido na Amazônia, é o quinto maior produtor de café do país e o segundo maior exportador de robusta. O café produzido no estado é denominado robusta amazônico.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café é produzido por cerca de 17 mil produtores familiares. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que em 2020 foram mais de 63,6 mil hectares destinados à cafeicultura em Rondônia, representando aumento de 1,3% em relação à área em produção utilizada em 2019.
A produtividade média foi de 38,29 sacas por hectare, com uma produção de 2.434,1 sacas de café canéfora beneficiadas, sendo 10,7% superior ao volume colhido em 2019.