Receita do setor de cana sobe 51% e dívida cai 15% em duas safras

Grande parte dos ganhos é atribuída ao excelente desempenho dos preços do açúcar no período analisadoO setor sucroalcooleiro do Centro-Sul brasileiro deve terminar a safra 2010/11 com uma receita recorde de R$ 50 bilhões. O volume é 25% superior aos R$ 40 bilhões verificados na safra 2009/10, de acordo com o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues. Segundo ele, em relação à safra 2008/09, período no qual os efeitos da crise financeira mundial foram mais expressivos, com ganhos de R$ 33 bilhões, o avanço foi de 51,15%. Os números não incluem im

Grande parte dos ganhos é atribuída ao excelente desempenho dos preços do açúcar no período analisado. As cotações do produto terminaram a safra em seu maior nível em mais de 30 anos, superando os 33 cents por libra peso. Nas duas últimas safras, havia a percepção de que os preços do açúcar iam subir em função da quebra expressiva na safra da Índia, na falta de investimentos no setor por conta da crise, e também por necessidade dos grandes países consumidores de recomporem seus estoques estratégicos, que estavam em níveis historicamente baixos.

Isto fez com que várias usinas realizassem investimentos focados na expansão da produção de açúcar de suas unidades, caso da Açúcar Guarani e da São Martinho, por exemplo. No Centro-Sul, a safra 2010/11 termina com 45% da cana sendo direcionada para a produção de açúcar, ante 43,70% da safra anterior. A sensível migração do mix da cana para o açúcar não levou, contudo, a um aumento significativo de oferta.

? A oferta não cresceu e os preços permaneceram sustentados. Isso deu sustentabilidade e rentabilidade para o setor na safra 2010/11 principalmente ? disse.

Segundo Padua, os preços do açúcar permitiram que as empresas não ficassem tão dependentes da oferta de etanol para gerar caixa, o que levou à formação de estoques maiores para o período de entressafra. No período analisado, a receita da agroindústria por tonelada de cana subiu de R$ 65,30 em 2008/09 para R$ 90 em 2010/11.

Dívida
Os preços recordes do açúcar também auxiliaram o setor a reduzir sua dívida líquida. Segundo o diretor do Itaú BBA, Alexandre Figliolino, a dívida do setor, que atingiu R$ 86,80 por tonelada de cana-de-açúcar (ou R$ 42 bilhões) no pico da crise financeira em 2008/09, deve encerrar a safra 2010/11 em torno de R$ 65,72, cerca de R$ 35,8 bilhões, queda de 15%.

? A redução foi provocada pelo maior preço do açúcar e também pelo efeito climático, que reduziu a oferta de cana para moagem ? explica o executivo.

Figliolino ressalta que a alavancagem do setor sucroalcooleiro deve voltar a um patamar próximo do saudável já nesta safra. A alavancagem mede quantas vezes a receita da empresa está comprometida com dívidas. O número saudável está em torno de 2,5 vezes. Segundo o executivo, depois de registrar 5,5 vezes em 2008/09, esta relação caiu para 3,93 vezes em 2009/10 e para 2,72 vezes em 2010/11.

? A tendência é de que os números sejam mais positivos na safra 2011/12 ? disse.