A região oeste do Paraná, responsável pela maior área de grãos do estado, é também a mais castigada pela seca neste início de safra de soja 2020/2021. O atraso no plantio da soja já é de quase 40 dias e ameaça a janela de plantio da segunda safra. Em Toledo, os produtores ganharam mais alguns dias no prazo para o plantio do milho.
Na propriedade do sojicultor José Scholz o clima seco no início do plantio se repete pelo segundo ano seguido. Na última safra, o plantio da soja também foi cheio de incertezas e o produtor só conseguiu plantar no dia 22 de outubro, com mais de 40 dias de atraso. A produção de soja foi ótima, já o milho perdeu produtividade.
“Nas melhores áreas a gente colheu 100 sacas de milho por hectare e nas piores 30 sacas por hectare. Na nossa região a normalidade gira em torno de 100 a 120 sacas por hectare. Então se você pegar uma produção de 30 está faltando muitos grãos em relação a uma safra normal”, diz.
Por causa desse atraso, o departamento de agricultura de Toledo prorrogou para o dia 10 de março o prazo final para o plantio do milho. Isso é um alento para os produtores da região. Mas fica um alerta para quem plantar na data limite, já que corre um risco maior com o clima.
“Se plantar o milho segunda safra mais tarde, até março, havendo uma geada no período de floração, pré floração ou até na fase de enchimento de grão, o produtor terá uma perda de produtividade. Na safra deste ano quase tivemos uma geada em maio. Por muito pouco não aconteceu”, afirma Ricardo Palma, diretor da Confaeb e Fapr.
De uma maneira geral, esse atraso pode representar um prejuízo ainda maior para a região. Toledo e os 22 municípios ao redor formam a maior área de milho segunda safra do Paraná, com quase 500 mil hectares, o que dá 20% do total. Estamos falando de 2,6 milhões de toneladas.
“Só em Toledo são consumidas mais de 60 milhões de sacas de soja e milho como ração. E a produção aqui é essencial para a região”, diz o presidente do sindicato rural Toledo, Nelson Paludo.
Segundo o diretor da Confaeb, a opção número 1 do produtor ainda é o milho, mas se não der certo, outra opção é o trigo que vem dando uma boa rentabilidade também.
Scholz também vê no trigo uma alternativa interessante. Mas hoje o seu único desejo é iniciar o plantio da soja até o final do mês, no máximo.
“Ser agricultor é assim mesmo. É uma caixa de surpresa todo ano. Tem que ter o coração forte. Muita paciência para tomar a decisão certa e não se arrepender da escolha que foi feita”, diz.