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Eleições: produtores do Matopiba pedem transparência no uso de dinheiro público

Agricultores dessa região de fronteira agrícola clamam por administrações municipais mais eficientes, investimentos no agro e manutenção preventiva de estradas e pontes

No próximo domingo, 15, os brasileiros vão às urnas para escolher os novos gestores municipais. Na região conhecida como Matopiba – que reúne áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia -, os produtores esperam que os futuros prefeitos e vereadores olhem com mais atenção para o campo.

Investimento em infraestrutura e mais eficiência e transparência no uso do dinheiro público também estão entre os pedidos.

Considerada a grande fronteira agrícola da atualidade no Brasil, o Matopiba vem ganhando destaque na produção de grãos e fibras. Nesta safra, os estados que têm áreas compondo a região devem produzir juntos mais de 25,8 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso equivale a cerca de 10% da produção nacional.

Bahia

A força dos campos da região também aparece na lista que reúne os 50 municípios brasileiros com o maior Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária. Cinco deles estão localizados no oeste baiano. Entre eles, figura São Desidério, que ocupa a terceira posição no ranking.

Em pleno plantio da soja, Alan Juliani, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho da Bahia (Aprosoja-BA), clama por gestores municipais mais eficientes e conscientes do dinheiro público.

“Nós, do agro, esperamos que os prefeitos e vereadores que forem eleitos no dia 15 sejam mais gestores e menos políticos. Precisamos que eles olhem para o agro. Os municípios precisam que esses novos gestores administrem o dinheiro público, façam escolas, estradas municipais, transporte escolar, transporte público, saúde…”, enumera.

Tocantins

Os demais estados que formam o Matopiba ainda não tem representantes na lista dos 50 municípios com maior VBP do país. No entanto, chamam a atenção pelo avanço da produção agrícola. No Tocantins, por exemplo, a área destinada ao cultivo de grãos cresceu num ritmo de 25% ao ano nos últimos quatro anos, de acordo com a Conab.

Quem ajuda a construir esses números e a escrever a história da região diz que os novos gestores municipais precisam dedicar um olhar mais atento ao setor que produz. Segundo o agricultor Wellington Almeida, do município de Gurupi (TO), chama atenção para a dificuldade de trafegar pelas vias vicinais.

Estradas com atoleiros, buracos, caminhões tombando, não tendo um bom tráfego de grãos e nem de produtos agropecuários no tempo exato e na hora hábil”, diz Almeida. “Espero que os prefeitos que forem eleitos agora, principalmente no Tocantins, olhem bem para os produtores, que trazem uma carga enorme de impostos para os cofres públicos”.

A atenção com a infraestrutura e o investimento em manutenções preventivas também aparece na lista de pedidos dos produtores de outros municípios do estado. Em Porto Nacional, por exemplo, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Tocantins (Aprosoja-TO), Maurício Buffon, afirma que é preciso dar atenção a estradas e pontes não apenas quando já estiverem em condições precárias.

“Temos uma grande produção para ser retirada das propriedades. Necessitamos de uma programação para manutenção anual de pontes e estradas. A manutenção [emergencial] fica muito mais cara para o próprio município”, argumenta.

Buffon destaca ainda que é fundamental saber onde o dinheiro público está sendo investido. “Sabemos que faz toda a diferença para o município quando os prefeitos trazem essa transparência. Estamos em uma região de grande produção. Consumimos muito óleo diesel, muito pneu, muita mercadoria. A cidade gira em torno da agricultura. Precisamos dessa transparência nas gestões públicas que virão a partir de 2021”, diz.

Piauí

Com salto de 53% no Valor Bruto da Produção em dois anos – saindo de R$ 4,56 bilhões em 2018 para R$ 7,02 bilhões em 2020 -, o Piauí tem nas lavouras de soja a principal força da sua agropecuária. O presidente da Aprosoja do estado, Azir Pimentel Aguiar Neto, chama a atenção para a carência logística nos municípios do sudoeste piauiense e para a necessidade de políticas públicas que incentivem o desenvolvimento regional.

“Somos uma região de fronteira [agrícola] que carece desse olhar mais atento dos gestores, que proponham infraestrutura de qualidade, um ambiente propício e saudável para estabelecermos novos negócios e criarmos oportunidades de trabalho para o campo e, indiretamente para o município”, afirma Aguiar Neto.