O desespero do produtor Nelson Toresin, de 81 anos, tem motivo. Todo o trabalho foi perdido. São mais de 1,3 mil caixas de uva totalmente danificadas.
A água do rio Jundiaí Mirim encobriu todo o parreiral. Nos cachos das uvas, ficaram as marcas. Tudo o que restou tem um só destino: o lixo.
Os prejuízos ainda não foram contabilizados, mas o cenário é desolador.
? Não tem, não tem o que dizer. A gente trabalha o ano inteiro para depois ver uma coisa dessas, não dá mais. Eu estou numa situação que tem horas que parece que vai me dar um negócio na cabeça. É difícil perder tudo ? afirma o produtor rural Nelson Toresin.
Nesta outra propriedade, as marcas ficaram nas árvores. Á água subiu mais de três metros de altura. O produtor rural Rodinei Fontesbasso ainda não sabe quanto as perdas vão representar, mas acredita que não deve ser pouco.
? A gente não tem muita ideia e certeza do valor perdido. Para o ano, seria em torno de R$ 1 mil, mas a área já está condenada. Pés que durariam em torno de 20, 30 ou 40 anos vão acabar morrendo ? diz Fontesbasso.
Depois dos estragos, os produtores torcem por uma trégua das chuvas. E é o que deve acontecer nos próximos dias, segundo o diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), Hilton Silveira Pinto.
?A tendência é a volta à normalidade gradualmente. O fenômeno já está aí há 14 dias, então probabilisticamente há uma tendência que haja uma diminuição de intensidade nesse transporte de umidade do oeste do país para cá ? diz Silveira Pinto.
Enquanto as previsões não se confirmam, a grande quantidade de chuvas continua a provocar dificuldades. No campo e na cidade. Na capital paulista, voltou a chover forte nesta sexta, dia 14.