Foram publicadas no início da noite desta quarta-feira, 23, duas resoluções do Conselho Monetário Nacional que autorizam a flexibilização das vistorias do programa de garantia da Atividade Agropecuária (ProAgro) e a abertura de uma linha de crédito de custeio emergencial para beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento a Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), que foram prejudicados pela estiagem no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e desejam realizar um novo plantio ainda nesta safra.
Na opinião do comentarista Miguel Daoud, a ajuda é bem-vinda, mas não é das mais justas para o produtor rural. “É como a história do filho que pede um brinquedo, mas demora tanto para dar que perde a graça. O socorro vem uma taxa de juros que é o dobro em relação à Selic, o que endivida ainda mais o produtor rural em cima de uma atividade que ele não teve ganho nenhum. Para se ter uma ideia, os EUA deram US$ 16 bi para os produtores, pois possuem uma outra visão da agropecuária. Essa atividade é vista como segurança nacional, e aqui enxergam como risco”, disse.
“O país pagou de juros esse ano, em torno de 400 bilhões. Em média 1 bilhão de juros por dia, então 3 horas de juros que o Brasil paga daria para socorrer esses produtores. Isso mostra a proporção de atenção que o produtor rural tem. Na hora da pandemia, vangloriam o produtor rural, mas quem paga a conta são eles. Não tem ajuda nenhuma”, completou.
Segundo Daoud, é “hipocrisia achar que essas medidas são boas para o produtor rural. Essa é a única atividade que tem risco, não existe garantia nenhuma para essa profissão que leva comida para a mesa do brasileiro. Se queremos um país com foco no agro, que é o setor que vai tirar o país do buraco, temos que deixar a hipocrisia de lado e parar de inventar socorro de última hora e onde quem paga é produtor”, concluiu.