O Ministério da Economia divulgou nesta segunda-feira, 4, os dados preliminares da balança comercial de 2020. Apesar dos impactos da pandemia, o Brasil registrou superávit de R$ 51 bilhões, faturamento 7% maior do que o de 2019. Enquanto os setores extrativistas e de indústria de transformação tiveram retração nas exportações, a agropecuária teve crescimento de 6%, com mais de R$ 45 bilhões.
É importante frisar que alguns produtos do agronegócio acabam sendo enquadrados em outros setores, como é o caso das carnes e dos açúcares, que são incluídos na chamada indústria de transformação. Esse setor registrou queda no ano, porém, quando se isolam apenas esses produtos do agro, os resultados são positivos.
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Campeões de crescimento
Na agropecuária, os destaques de exportação são a soja, que cresceu 10,5% e chegou a US$ 28 bilhões; o café, que avançou quase 10% e obteve faturamento próximo de US$ 5 bilhões; e o arroz, com receita menos expressiva, de US$ 140 milhões, mas crescimento de mais de 90% nas exportações.
Outros produtos que se destacaram foram o algodão, que avançou 23% nas vendas ao exterior em 2020 e ultrapassou a marca de 2 milhões de toneladas exportadas. A carne bovina faturou quase US$ 7,5 bilhões e embarcou mais de 1,7 milhão de toneladas, enquanto a carne suína teve grande crescimento percentual de mais de 43% e envio de cerca de 900 mil toneladas.
Os açúcares e melaços tiveram o maior aumento percentual do ano: 71,33%, com cerca de 31 milhões de toneladas exportadas. “Uma das razões [para o crescimento] é o fim do antidumping na China”, afirma o subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão.
Principais compradores
A arrecadação com a venda de açúcar à China aumentou 600% em 2020. Já as vendas de carnes suína e bovina mostram que o país asiático ainda se recupera dos efeitos da peste suína africana. Por lá, o apetite pela soja também segue em crescimento.
Aos Estados Unidos, o destaque foram as vendas de sucos naturais e café. Para a União Europeia, houveram bons aumentos nas exportações de soja e café.
Commodities menos demandadas
Mas nem todos os produtos agro tiveram resultados positivos em valores no comparativo com 2019, como o milho, com queda de quase 18%, e a carne de aves, com diminuição de arrecadação de cerca de 14%.
“A carne de aves teve uma redução do seu preço em dólar de 13,3%, enquanto o volume teve uma pequena redução de 0,4%, ficou praticamente estável. O dólar se valorizou no Brasil, mas também se valorizou nos mercados consumidores, então fica mais caro para esses consumidores importarem. Então, é comum que os exportadores de carnes de aves ofereçam descontos em dólar, o que pode causar uma redução de preços destes bens”, diz Brandão.
Importações de produtos agropecuários
Como sentido ao longo do ano, as importações de soja cresceram significativamente: mais de 500%. O arroz, impulsionado pela isenção de tarifa de importação para países de fora do Mercosul, também teve grande aumento de compra, cerca de 270%. Já o trigo teve queda nas importações de 9%, e adubos e fertilizantes caíram quase 11,5%.
O Brasil importou 83% mais trigo dos Estados Unidos e comprou 24% mais fertilizantes da União Europeia. Em relação à Argentina, a compra de trigo caiu, mas a de leite aumentou quase 55%.
Exportações em 2021
A expectativa do Ministério da Economia é de que, em 2021, tanto exportações quanto importações aumentem.
“A nossa expectativa para o final deste ano é um crescimento das exportações da ordem de 5,3% atingindo ao final deste ano, US$ 221 bilhões exportados. Como consequência, um saldo comercial estimado ao final de 2021 da ordem de US$ 53 bilhões, crescimento de 3,9% frente ao saldo observado em 2020”, afirma o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz.