Os preços do trigo foram impulsionados ainda mais pelo imposto de exportação da Rússia, divulgado na sexta-feira passada, além do clima frio que prejudica as safras em início de ciclo no país, afirma o Commerzbank. “Embora anunciado em 25 euros por tonelada (US$ 30,18) – que começa a valer em meados de fevereiro -, o imposto já deve ser dobrado em 50 euros por tonelada (US$ 60,36) a partir de 1º de março”, afirma o banco alemão.
Mesmo com os mercados de commodities nos Estados Unidos fechados nesta segunda-feira, por causa de feriado nacional, as cotações do trigo continuaram a escalar nas bolsas do outro lado do Atlântico. Em Paris, o grão subiu 1,8%, com alta de 236 euros por tonelada (US$ 284,90), seu maior nível em quase oito anos, destaca a analista de commodities agrícolas, Michaela Kühl, em comentário enviado pelo Commerzbank a clientes. “Como se não bastasse, o governo russo reserva-se o direito de continuar a cobrar direitos de exportação mesmo depois da colheita seguinte, sem detalhar o cálculo específico ou método utilizado para isso”, pondera Michaela Kühl.
A analista diz, ainda, que a perspectiva de menores exportações russas em um momento em que também “há menos trigo da União Europeia disponível” é motivo de preocupação para importadores tradicionais, como Egito e Argélia. “Não há consenso, mas analistas de mercado apostam que os exportadores russos tentarão, agora, vender o máximo de trigo possível antes que o imposto entre em vigor – especialmente porque esperar até 2021/22 não parece mais ser uma alternativa viável”, conclui a especialista do Commerzbank.
Por Estadão Conteúdo