Mercado digere piora no cenário econômico e dólar sobe 1,55%

O dólar comercial fechou em forte alta de 1,55% no mercado à vista, cotado a R$ 5,4060 para venda, em sessão de
correção – após a queda mais intensa desde 8 de junho de 2018 ontem -, além de acompanhar a aversão ao risco externa, com investidores digerindo o avanço da Covid-19 no mundo e a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Aqui, o endividamento público volta a preocupar o mercado.

O analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, destaca que a divulgação de indicadores econômicos na Ásia e na Europa e balanços corporativos piores do que o esperado, além da possibilidade de prolongamento
da crise provocada pelo novo coronavírus, agora, em meio ao atraso na entrega de vacinas à União Europeia, “formaram” um ambiente negativo para os ativos globais, levando ao fortalecimento do dólar.

Enquanto aqui, o foco do mercado continua sobre o campo fiscal após a dívida pública mobiliária total fechar 2020 em R$ 5,009 trilhões, acima do intervalo estipulado no Plano Anual de Financiamento (PAF), entre R$ 4,6
trilhões e R$ 4,9 trilhões, segundo dados do Tesouro Nacional. “Evidencia o quadro de grande deterioração das contas públicas domésticas”, comenta. A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescenta que a grande questão é a “trajetória” do endividamento público.

Sobre a decisão do Fed, no qual manteve a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25%, o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, ressalta que a autoridade monetária reiterou a postura “altamente acomodatícia” adotada desde o início da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, a manutenção da taxa em patamares próximos de zero, além da expansão do balanço do Fed por meio da compra de ativos públicos e privados.

Nesta quinta, 28, na agenda de indicadores, destaque para a leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no quarto trimestre do ano passado. Para Ortiz, porém, a postura dada como mais “hawkish” (dura) pelo Banco Central (BC) e com o mercado entendendo que a taxa Selic deve subir no curto prazo, a tendência é de que o dólar tenha viés de baixa nos próximos dias.

Por Agência Safras