Dólar reage à fala de Bolsonaro sobre Petrobras e fecha com queda de 1,19%

O dólar comercial fechou em queda de 1,19% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3840 para venda, em sessão
volátil na primeira parte dos negócios, mas que reagiu ao otimismo externo e local. Lá fora, a divisa norte-americana perdeu terreno para as principais moedas globais após os dados mais fracos do mercado de trabalho (payroll) dos
Estados Unidos. Aqui o otimismo veio das falas do presidente Jair Bolsonaro de que o governo federal não deverá interferir na política de preços de combustíveis da Petrobras.

“O decepcionante resultado do payroll confrontou o otimismo instalado após a divulgação de indicadores positivos ao longo da semana nos Estados Unidos, o que retirou o ímpeto da moeda forte”, comenta o analista de câmbio da
Correparti, Ricardo Gomes Filho.

Para o economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jacomeli, o resultado “mais fraco” do payroll mostra que a atividade econômica dos Estados Unidos “não está tão boa” e é um “ingrediente a mais” para a aprovação do
estímulo econômico de US$ 1,9 trilhão, assunto que alimentou o otimismo externo na sessão.

O analista da Correparti acrescenta que no cenário doméstico, o alívio com a percepção de uma possível ingerência política na Petrobras, após uma reunião do presidente Jair Bolsonaro com o presidente da estatal para tratar
sobre o ICMS de combustíveis, além da reafirmação do compromisso da equipe econômica com a agenda de reformas, contribuiu para que o dólar se sustentasse em queda.

Na semana marcada pela volta do Congresso e pela eleição dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, a moeda recuou em 1,68%. O analista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, avalia que a
euforia com a nova composição das lideranças legislativas rapidamente se dissipou.

“A abordagem mais otimista acerca dos efeitos na condução da política econômica não deve se materializar, mantendo o risco elevado no cenário. A semana deve retratar essas limitações por conta das discussões relativas ao
auxílio emergencial. A expectativa é por algum sinal de acordo para viabilizar o auxílio com algum sinal de responsabilidade fiscal. A agenda envolvendo adequação dos gastos deve continuar com bases políticas bastante frágeis”, ressalta.

Na próxima semana, com destaque para dados de inflação na agenda de indicadores, Jacomeli diz que a semana tende a seguir positiva para moedas emergentes e que a inflação local pode ser “uma surpresa”, já que pode
reforçar a leitura de alta da taxa Selic no curto prazo. “Atenção ao noticiário político e aos desdobramentos da negociação em torno do pacote de estímulo fiscal norte-americano”, destaca.

Por Agência Safras