O calendário agrícola está atrasado e pode ficar ainda mais, prejudicando a janela ideal para o milho segunda safra, de acordo com as projeções climáticas feitas pela Somar Meteorologia. Isso porque há a previsão da formação de um bloqueio atmosférico em março, que vai segurar a chuva no Sul.
No Paraná, segundo maior estado produtor de milho segunda safra, a segunda quinzena de fevereiro garante tempo firme em diversas áreas para as atividades de campo, como é o caso de Toledo. Já no início de março, a tendência é das pancadas serem mais frequentes, principalmente a partir do dia 10.
Em Mato Grosso, são encontradas duas situações: a falta de chuva em algumas áreas, como é o caso de Primavera do Leste, e o excesso de chuva no noroeste do estado, por conta da Zona de Convergência Intertropical, como é o caso de Aripuanã.
“Como o milho já vai ser instalado tarde por conta do atraso do plantio da soja, ele pode pegar um enfraquecimento forte da chuva entre o fim de abril e maio em um momento em que o grão mais vai precisar de umidade. Além disso, o milho pode ser afetado por ondas de frio que podem acontecer no Paraná e Mato Grosso do Sul”, diz Desirée Brandt, da Somar Meteorologia.
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O preço do milho no Brasil vem sendo pautado pelo mercado internacional, já que a maior parte do cereal é instalada a partir de agora, no chamado safrinha, que por ganhar mais dimensões de produtividade já virou a segunda safra de milho. No Sudeste e Centro-Oeste o risco está mais associado à falta de chuva.
Em boletim do início de fevereiro, o Deral indicou que apenas 1% da área de milho foi instalada, e mais da metade da área de soja ainda está em floração e frutificação, indicando que a instalação do milho está longe de acelerar. Em Mato Grosso, o Imea vai pelo mesmo caminho: apenas 2% da área havia sido semeada com o cereal no fim de janeiro. A dúvida fica por conta quanto milho será instalado fora da janela ideal que vai até o fim de fevereiro.
“O fenômeno La Niña em curso costuma compensar a primavera seca com um outono mais chuvoso. Mas ainda assim, não é possível afirmar, por exemplo, que choverá frequentemente até junho”, diz Desirée. Segundo ela, simulações indicam, por enquanto, chuva frequente em março e abril e um evento isolado na primeira quinzena de maio. E o frio mais intenso está previsto para junho, no Paraná e Mato Grosso do Sul.