A mistura de biodiesel ao diesel subiu de 12% para 13% na segunda-feira, 1º. Porém, em meio à alta dos combustíveis, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) defende a redução desse percentual.
“Se essa redução for na ordem de 50% ou mais, haverá alívio imediato sobre o preço do combustível, pressionado pela cotação internacional do petróleo e pela desvalorização do real em face ao dólar. Essa medida já foi adotada em outras ocasiões”, diz a entidade, em nota técnica.
Segundo a CNT, a porcentagem de mistura do biodiesel ao diesel no Brasil difere dos padrões internacionais. “No Japão, por exemplo, o biodiesel representa apenas 5% do insumo. Na comunidade europeia, a taxa é de 7%. No Canadá, adota-se de 2% a 4% na mistura”, pontua.
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A entidade afirma que, em busca de uma redução significativa do preço do combustível nas bombas, pode-se zerar o nível de biodiesel por um período transitório e determinado.
Mas o setor produtivo não recebeu bem a notícia. No Twitter, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) rechaçou a ideia e diz que a CNT quer transferir para outro setor a responsabilidade de corrigir aumentos de preços no diesel que decorrem do valor internacional do petróleo e da desvalorização do real frente ao dólar.
“O custo do frete subiu 30% este ano comprovando que as altas do diesel foram repassadas pelas transportadoras, seus associados. Sem biodiesel, o Brasil vai importar mais diesel, atrelando mais ainda o preço ao consumidor brasileiro ao valor em dólar do petróleo”, pontua a associação.
A Abiove lembra que o biodiesel reduz a emissão de gases causadores do efeito estufa, mas a CNT contrapõe dizendo que reduzir a mistura na composição não prejudica essa capacidade. “Além disso, estudos recentes dão conta de que níveis excessivos de biocombustível no diesel comercial podem elevar os níveis de emissão de dióxido de nitrogênio, poluente danoso à saúde e ao meio ambiente”, afirma a confederação.
Outro ponto que a Abiove levanta que é caso haja redução na produção de biodiesel, haverá também menos farelo de soja. “E mais caro ficarão as proteínas animais. A CNT quer mesmo queda na produção de alimentos?”, questiona a associação.