Inflação brasileira evoluiu de forma desfavorável, afirma Banco Central

Documento cita que índice foi influenciado pelo preço dos alimentosA ata da reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta quinta, dia 27, reconhece que o cenário para a inflação "evoluiu desfavoravelmente" desde a reunião de dezembro. A afirmação consta no parágrafo 24 do primeiro documento produzido sob a presidência de Alexandre Tombini no BC. Na última reunião do Copom, a Selic (a taxa básica de juros da economia) subiu de 10,75% para 11,25% ao ano.

“De fato, no último trimestre do ano passado, a inflação foi forte e negativamente influenciada pela dinâmica dos preços de alimentos”, cita o documento, ao lembrar que esses preços sofreram com choques de oferta no Brasil e no exterior. O BC reconhece que esses aumentos dos preços de alimentos “tendem a ser transmitidos ao cenário prospectivo” da inflação de várias maneiras, como a inércia inflacionária e as projeções do mercado.

Ainda no trecho 24 da ata, os diretores do BC avaliam como “relevantes” os riscos gerados pela persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda. “Note-se, também, a estreita margem de ociosidade dos fatores de produção, especialmente, de mão de obra.” O documento cita que, nessas circunstâncias, há um risco importante na “possibilidade de concessão de aumentos nominais de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade”.

Apesar do alerta, a ata do Copom lembra que há sazonalidade da inflação característica no primeiro trimestre, bem como concentração atípica de reajustes de preços administrados no período. “Embora, para o ano como um todo, o comportamento desses itens tenda a ser relativamente benigno.”