Dólar sobe em dia volátil com incertezas sobre Covid-19 e política

O dólar comercial fechou em alta de 0,56% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6700 para venda, no maior valor de
fechamento em duas semanas e em sessão de forte volatilidade, refletindo as incertezas do mercado doméstico em relação ao avanço da Covid-19 e o ritmo lento de vacinação. A política local corrobora em meio ao receio de que a
nova rodada do auxílio emergencial eleve o risco fiscal e a agenda de reformas tenha atrasos enquanto o Congresso prioriza as pautas relacionadas ao combate à pandemia.

O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, reforça que a “persistente manutenção do quadro de incertezas” locais tem provocado uma “acentuada fuga de capitais” do paí, reforçando que, mesmo que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) consiga derrubar 100% dos vetos da oposição e aprove o texto ainda hoje, fica no radar o pedido de 16 governadores pleiteando a manutenção da parcela do auxílio emergencial em R$ 600, como em 2020, “em movimento que conspira contra à manutenção do teto dos gastos públicos”, diz.

Mais cedo, a CMO do Congresso aprovou o parecer final do relator-geral, senador Marcio Bittar (MDB-AC), para a proposta orçamentária deste ano. Em uma complementação de voto, ele remanejou R$ 26,5 bilhões, favorecendo emendas parlamentares. O parecer aprovado ainda está sendo analisado pelo Congresso.

A analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira, reforça que a intensa volatilidade observada ao longo da semana se deve à preocupação dos  investidores com o crescente número de infecções e mortes por Covid-19 no país. “O mercado está muito preocupado com os números da pandemia aqui e com ritmo de vacinação muito lento, o que dificulta a perspectiva de um cenário mais otimista”, avalia.

“Nem mesmo a oferta de US$ 3 bilhões do leilão de linha do BC, para rolagem de vencimentos futuros, foi capaz de conter mais uma sessão de deterioração do real”, comenta Gomes. A autoridade monetária realizou a operação de venda de dólar com compromisso de recompra na primeira parte dos negócios e colocou todo o valor ofertado. O leilão, que já estava programado, tirou força da moeda no fim da manhã, mas tirou o ímpeto de alta em meio às
incertezas locais.

A analista da Toro acrescenta que os temores com o risco fiscal e as declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ajudaram a pressionar a moeda ao longo do pregão. “Lira sinalizou que só deverá votar
pautas relacionadas à pandemia, pelo menos nas duas próximas semanas. Com isso, volta o temor com o atraso das reformas”, reforça.

Nesta sexta, 25, apesar de esvaziada, na agenda de indicadores o destaque fica para os dados sobre a renda e gastos pessoais nos Estados Unidos, em fevereiro, no qual a previsão é de alta de 7,0% para a renda e queda de 0,8% para os gastos pessoais. Oliveira reforça que, após a alta exacerbada ao longo da semana, há espaço para uma correção local. “Investidores seguem atentos ao cenário da pandemia e na política”, finaliza.

Por Agência Safras