Excesso de chuva atrapalha a colheita de soja em MT

Após a estiagem no início da semeadura, é a umidade que ameaça a qualidade do material produzidoDepois de atrasar o plantio das lavouras de soja em Mato Grosso, o clima atrapalha também o cronograma de colheita das plantações. Se na época da semeadura o problema foi a estiagem, agora é o excesso de chuvas que preocupa os agricultores e compromete o ritmo dos trabalhos no campo.

Em época de colheita é assim: é só o sol aparecer para as máquinas invadirem o campo. Ainda mais depois de 17 dias seguidos de chuva. Para não comprometer o cronograma, não dá para perder tempo.

? Abriu o sol, tem que entrar com tudo na lavoura. Estamos colhendo a todo vapor, com máquina, caminhão. Vamos tocando em frente ? comenta o gerente de produção Alexandre Bueno.

A quantidade de colheitadeiras na lavoura ilustra bem a pressa dos agricultores. Na fazenda em Campo Verde, oito trabalham a todo o vapor. A colheita dos 1300 hectares cultivados com soja super-precoce deveria ter sido concluída há pelo menos uma semana. Mas a chuva atrapalhou e ainda falta colher 300 hectares.

? A gente tomou a decisão porque o clima não estava ajudando. Estávamos colhendo com umidade fora do ideal. Depois de mais de 15 dias chovendo, tivemos que colher assim mesmo. Senão atrasa o algodão e perdemos mais para a frente ? afirma o gerente de produção

O ritmo mais lento da colheita em Mato Grosso é confirmado pelos números do Imea. Até agora, 1,3% da área plantada foi colhida. Em 2010, nesta mesma época, 6,5% das plantações já haviam sido retiradas do campo. O cultivo tardio somado ao excesso de chuvas foram os responsáveis por este atraso, registrado em todas as regiões do Estado.

No ano passado, os agricultores de Mato Grosso colheram aproximadamente quatro milhões de toneladas de soja no mês de janeiro. Para esta safra, com o atraso do plantio a previsão era menor: encerrar o primeiro mês do ano com 1 milhão de toneladas colhidas. Só que, apesar de reduzida, está difícil cumprir esta estimativa.

Pouco mais de 240 mil toneladas do grão foram colhidas, de acordo com o último balanço do Imea. Apesar da menor oferta, o mercado da oleaginosa não deve sofrer reflexos, segundo o diretor do central de comercialização de grãos da Famato. A atenção do mercado está voltada para fevereiro, quando pelo menos 30% das plantações devem ser colhidas.

? Fevereiro vai ser nosso janeiro do ano passado, vamos ter cinco milhões de toneladas para colher. Se as chuvas continuarem, aí sim teremos problemas, mas não vamos contar com isso agora ? diz João Birkhan, diretor do CentroGrãos.