O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, lamentou a decisão do governo federal de reduzir de 13% para 10% a mistura do biocombustível ao diesel. Em entrevista ao Mercado & Companhia, ele disse que a medida coloca em risco o cronograma do B15, que é atingir a mistura de 15% de biodiesel ao diesel até 2023 e vai afetar a indústria de processamento e de proteína animal.
De acordo com o professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Celso Grisi, a medida imposta pelo governo federal é inconveniente e imprópria. “Na composição do custo do diesel, o biodiesel é o menor percentual de custo, então o governo mexeu no lugar errado quando tinha espaço para mudar em outros lugares”, afirma.
Segundo o professor, com essa medida, cerca de 3 milhões de litros de biodiesel não serão vendidos e, dessa forma, o prejuízo pode chegar a R$ 17 bilhões. Além disso, calcula que 90 mil pessoas poderiam ser demitidas em função disso.
A medida também teria impacto do ponto do ambiente e da saúde pública. “O biodiesel proporciona ganho ambiental e colabora para diminuir o efeito estufa”, lembra Grisi
“Alternativas que poderiam ter sido aplicadas para diminuir o preço do diesel são: pressionar as revendas para conviver com um lucro menor por certo período e a redução de impostos do governo”, diz.