A obrigatoriedade de mistura de 12% do biodiesel no óleo diesel fóssil no 81º Leilão de Biodiesel deve resultar em vendas de cerca de 200 milhões de litros a mais na comparação com o volume esperado caso fosse mantido o porcentual de 10%, projeta a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
“Estimamos que serão quase 200 milhões de litros de biodiesel que serão vendidos a mais em setembro e outubro e que vão substituir o diesel fóssil”, disse o economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan Amaral.
O teor de 12% para o 81º Leilão de Biodiesel da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis foi definido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e aprovado na segunda-feira, 12, pelo presidente Jair Bolsonaro. Pela resolução, o CNPE reduziu pela terceira vez consecutiva o mandato B13, que deveria estar em vigor desde março. Nos dois leilões anteriores, L79 e L80, o percentual de mistura do biocombustível no diesel já havia sido reduzido de 13% para 10%.
Apesar de o percentual ainda estar abaixo do mandato vigente, o B13, a Abiove considera que a medida mostra a “confiança” do governo federal na indústria de biodiesel e o comprometimento com combustíveis renováveis.
“Vemos pelo lado positivo. Fazer aumento da mistura (dos atuais 10% para 12%) mostra que o governo confia no biodiesel e está percebendo no setor um vetor de desenvolvimento”, afirmou Amaral.
Na avaliação do executivo, o setor também apresentou preços estáveis ao longo dos últimos dois meses. “Tivemos uma redução de 13% para 10% por 4 meses, período em que o setor não apresentou nenhum tipo de falha, garantiu o abastecimento e manteve preços significativamente abaixo do teto do leilão”, apontou Amaral.
A volatilidade e a elevação das cotações do biocombustível eram apontadas pelo governo como justificativas para reduzir o teor obrigatório. “Houve uma preocupação do governo com impactos do biodiesel nos preços do diesel rodoviário”, comentou o economista-chefe da Abiove.
Expectativa quanto ao B13
Agora, a expectativa da indústria de biodiesel é que o B13 seja retomado no leilão posterior da ANP, que será realizado em outubro com vendas vigentes para novembro e dezembro. “O setor permanece plenamente confiante na capacidade de oferecer B13 e temos confiança que o mandato será retomado no último leilão do ano”, disse Amaral.
Aprobio e biodiesel
A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) avalia que a decisão de restabelecer o porcentual de biodiesel de 12% no 81º Leilão fortalece a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).
“Vamos trabalhar para o compromisso previsto na legislação de 13% de mistura ainda este ano e 14% a partir de março de 2022”, disse em nota o presidente do Conselho da Aprobio, Francisco Turra. Para a entidade, o governo federal volta a ter “a visão de que o biodiesel é um patrimônio nacional e fundamental para uma transição energética para uma matriz mais limpa”.