A chuva se espalhou e aumentou a umidade do solo na região Sul. O acumulado estimado por satélite alcançou 200 milímetros no centro e o oeste do Rio Grande do Sul. Além disso, algumas áreas do Paraná e de Santa Catarina receberam 100 milímetros. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), grande parte dos estados produtores de milho segunda safra já estão com a umidade favorável para o desenvolvimento. A exceção é o norte de Minas Gerais e boa parte da Bahia.
Em relação à soja, ainda não há uma estimativa da porcentagem de grãos que poderá se salvar da estiagem no Rio Grande do Sul, mas o fato é que todos os municípios estão com umidade do solo suficiente para um bom desenvolvimento agrícola. Parte da precipitação do Sul também alcançou o sul de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, mas de uma forma geral, as regiões Sudeste e Centro-Oeste passam por um período menos chuvoso. Há pelo menos 20 dias não chove intensamente sobre o Espírito Santo, Minas Gerais e nordeste de Mato Grosso do Sul, por outro lado.
Além da segunda safra de milho, a área de cana-de-açúcar sente a diminuição da precipitação neste momento. Mato Grosso vive uma situação diferente da maior parte da região central do Brasil. A chuva vem caindo de forma frequente e as atividades de campo avançam mais lentamente que o desejável. Algumas áreas próximas de Tangará da Serra, em Mato Grosso receberam mais de 200 milímetros nos últimos sete dias. Por fim, a região Norte e o norte do Nordeste recebem chuva intensa. O acumulado alcançou 300 milímetros em apenas sete dias em algumas áreas do norte do Pará e litoral do Maranhão. Além da colheita da soja mais lenta, o transporte e o embarque nos portos são prejudicados pelo excesso de chuva.
Segundo a previsão do tempo, nos próximos dias, a intensificação da Zona de Convergência Intertropical leva chuva forte ao Ceará, Piauí, Maranhão, Amapá, Pará e Amazonas com acumulados acima dos 250 milímetros, especialmente no litoral do Pará e do Maranhão. A precipitação intensa aumenta a umidade do solo de forma considerável no Nordeste, especialmente no Piauí, Ceará e Pernambuco e ajuda no desenvolvimento de culturas de subsistência como arroz, feijão, milho e mandioca. Mas a precipitação também paralisa e atrapalha a colheita, transporte e embarque da soja especialmente no Maranhão e no Pará. Na semana que vem, ainda há previsão de chuva forte e o acumulado poderá passar dos 150 milímetros no Maranhão, Pará, Amapá e Amazonas.
Em Mato Grosso e em Goiás, embora a precipitação seja mais fraca, ela também atrapalha as atividades de manutenção do milho e do algodão. Por outro lado, quase não há previsão de chuva no leste e norte de Minas Gerais nesta semana e a umidade do solo permanecerá abaixo do ideal. Há necessidade de reposição da umidade com irrigação complementar na Zona da Mata e no Espírito Santo neste momento. Em São Paulo, Paraná e São Paulo, há previsão de chuva frequente nesta semana com acumulado acima dos 50 milímetros. A precipitação ajuda no desenvolvimento do milho e do plantio de cana de açúcar. No Rio Grande do Sul, o tempo permanece nublado e úmido.
“É irônico, mas agora produtores gaúchos pedem pelo retorno do sol para começar a colheita da soja”, diz o meteorologista Celso Oliveira. Segundo ele, o sol até vai aparecer com mais força na quarta-feira, 16, mas uma frente fria vai trazer chuva na sexta-feira, 18. A precipitação terá distribuição irregular com acumulado na casa dos 50 milímetros na metade Norte e menos de 5 milímetros na fronteira oeste.
A temperatura vai oscilar bastante nos próximos dias no Sul com máxima inferior aos 21°C no Paraná e Santa Catarina na quarta-feira, máxima de 35°C no Rio Grande do Sul na quinta e sexta-feira e temperatura mínima abaixo dos 9°C na segunda e terça-feira que vem na Campanha Gaúcha e na Serra Geral.
Na semana que vem, há previsão de chuva forte a partir da quinta-feira sobre a região Sul, mas apesar de um acumulado acima dos 150 milímetros previsto para a Fronteira Oeste, deverá chover de forma mais abrangente sobre o Paraguai, Argentina e Uruguai que sobre a Região Sul. Além disso, no Sudeste e Centro-Oeste, a tendência será de enfraquecimento da chuva. Mesmo em Mato Grosso e Goiás, a precipitação virá mais na forma de pancadas que invernada. Porém no mais tardar na primeira semana de abril, a chuva abrangente vai retornar às duas regiões e ao interior da Bahia, favorecendo o desenvolvimento e culturas como a segunda safra de milho.