A mudança no formato do frete dos combustíveis, proposta que entrou nas discussões do novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, poderia trazer algum alívio aos preços, segundo especialistas.
Hoje, ao vender o combustível para as distribuidoras, a Petrobras arca com o frete, que já vai embutido no preço.
É o modelo CIF (sigla em inglês para custo, seguro e frete). A ideia é mudar o sistema para FOB (ou livre a bordo, em português), no qual o comprador assume o frete e os riscos.
A lógica é que os clientes conseguiriam ser mais eficientes do que a estatal na contratação do frete, diz o especialista em logística Antonio Wrobleski, presidente do conselho de administração da BBM Logística.
Segundo ele, as empresas podem, por exemplo, ter um custo menor com seguros. “Normalmente, as companhias brigam pelo preço do frete e seguro até o último centavo.”
No caso da Petrobras, com as amarras de uma estatal e exigências para se enquadrar nas regras de compliance, essa negociação às vezes pode ser inviável, diz o especialista. Embora tenha ganho de escala pelo seu tamanho, a estatal usa poucos fornecedores, o que diminui a competitividade.
Para o advogado Larry Carvalho, especialista em transportes, muitas vezes as empresas com vendas CIF embutem no preço uma margem de taxa de administração, que encarece o frete.
Segundo fontes ligadas ao governo, essa mudança poderia implicar redução de até 15%. Os especialistas, porém, calculam um impacto um pouco menor, em torno de 10%, e que poderia diminuir ainda mais na bomba, porque envolve custos como impostos e margem dos revendedores.
Em nota, a Petrobras disse que o “preço de paridade de importação (PPI), estimado com cálculo análogo ao dos preços CIF, é apenas uma referência do valor de determinada commodity colocada no Brasil, ou qualquer economia aberta, através de importação”.