O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC) repetiu nesta terça-feira (21), por meio da ata de seu último encontro, que “antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude” do que em junho para a próxima reunião, em agosto. O Copom elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto porcentual (pp), ou 50 pontos-base (pb), de 12,75% para 13,25% ao ano.
Segundo a sinalização do BC, a Selic chegaria a 13,50% (aumento de 0,25pp) ou a 13,75% (alta de 0,50pp) no próximo encontro.
Mas o comitê afirmou que sua atuação demanda “cautela adicional” diante da “crescente incerteza” da atual conjuntura e do estágio avançado do ciclo de ajuste, que ainda tem impactos a serem observados.
Desde o início do processo de aperto monetário, a Selic já subiu 11,25 pontos porcentuais, a alta mais forte desde 1999.
O BC ainda repetiu que poderão ser feitos ajustes nos passos futuros para assegurar a convergência da inflação às metas, e a depender da evolução do balanço de riscos, da atividade econômica e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante de política monetária.
O Copom também voltou a dizer que é apropriado que o ciclo de aperto monetário “continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, diante de suas projeções de inflação e com o risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos.
“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, repetiu a ata.
Juros
O Copom do Banco Central reafirmou também nesta terça, por meio da ata de seu último encontro, que a alta em junho de 0,50 ponto porcentual, a 13,25%, é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, comunicação diferente do Copom de maio, quando o BC não citou a palavra “estratégia” e nem expressão “ao redor”.
Atualmente, o horizonte relevante inclui apenas o ano de 2023, para qual a projeção oficial do BC é de 4,0%, acima do centro da meta (3,25%), mas abaixo do limite superior (4,75%).
Além disso, repetiu que a decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, assim como disse que implica “suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”. Essas ideias expressas na ata já constaram no comunicado da semana passada.
O balanço de riscos continuou com fatores em ambas as direções, como na reunião de maio. Mas o colegiado fez referência às medidas tributárias discutidas no Congresso com a intenção de baixar os preços de combustíveis.
“Avaliou-se que as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária”, disse o Copom.
Ainda sobre o assunto, o BC citou entre os riscos de alta o cenário inflacionário e as expectativas de inflação “políticas fiscais que impliquem sustentação da demanda agregada”, além da incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do País, parcialmente incorporadas nas expectativas inflacionárias e nos preços de ativos.
O BC ainda destacou a persistência das pressões inflacionárias globais como um risco de alta. Do outro lado, citou novamente uma possível reversão, ainda que parcial, dos preços de commodities em moeda local, além de uma desaceleração mais forte da atividade econômica. “O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos”, repetiu.