Incêndios florestais nos estados de Oregon e de Washington, na costa oeste dos Estados Unidos, estão levando fumaça para boa parte do noroeste da América Norte e ao litoral do Oceano Pacífico. O céu da cidade de Seattle, onde vivem 4 milhões de pessoas, está marrom e provoca a sensação de sufocamento. Enquanto isso, os baixos níveis de água do Rio Mississipi, importante hidrovia para o transporte de grãos, impactam a logística. Essas situações são encaradas por especialistas como efeitos do La Niña.
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Nas perspectivas climáticas do inverno, os meteorologistas acreditam que a seca, que atualmente atinge 59% dos Estados Unidos, deve continuar ou piorar as condições do nível médio e baixo do Rio Mississipi. Os efeitos da estiagem do La Niña no sul do Brasil são semelhantes ao que acontece nos Estados Unidos, de acordo com a meteorologista Nadiara Pereira da Climatempo.
Segundo Nadiara, os desvios de chuva devem permanecer negativos nos próximos três meses. O Índice de Seca da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) segue indicando condições de seca desde o Texas até o Nebraska, sendo a maior parte das áreas consideradas “seca excessiva” e “seca severa”. O calor ganha força nos últimos dias de outubro, com máximas que podem chegar a 35°C na região central, especialmente sobre o estado do Kansas.
Mais efeitos do La Niña
Os Estados Unidos estão sob influência do fenômeno La Niña, que é caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Esse fenômeno chama muito a atenção pela sua persistência, pois atua desde o segundo semestre de 2020 e as últimas rodadas dos modelos climáticos indicam a persistência das anomalias de temperatura até ao menos o primeiro trimestre de 2023. Com isso, a safra 2022/23 segue com atuação do fenômeno. Esta será apenas a terceira vez, desde que se tem medições desse tipo de fenômeno pela NOAA, que se registram três verões consecutivos de La Niña.
A previsão de consenso entre os institutos norte-americanos Instituto de Pesquisas Internacionais da Universidade da Columbia (IRI) e Centro de Previsões e Clima da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (CPC-NOOA), atualizada no dia 3 de outubro de 2022, indica probabilidade de 95% para a permanência da La Niña no último trimestre de 2022. A probabilidade diminui, chegando a 59% para persistência, de janeiro e março de 2023.
Neutralidade climática
Ainda existem incertezas sobre quando exatamente ocorrerá uma transição da La Niña para neutralidade climática, mas a previsão consenso indica probabilidade de 53% para que ela ocorra durante o trimestre fevereiro–março- abril do próximo ano. Ou seja: as chances são maiores de que tenhamos essa mudança entre o final do verão e o outono de 2023.
Os impactos na distribuição das chuvas no Brasil devem ser mais evidentes na região Sul. Na metade norte do país, onde os eventos chuvosos devem ser mais intensos. Nessa metade mais ao norte, há, ainda, risco maior para períodos de invernada em algumas áreas — o que está previsto entre o fim da primavera e o começo do verão do hemisfério sul.
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