Depois de uma frustração pelo clima na safra 2021/22, os produtores gaúchos investiram com força na safra de inverno. Os resultados surpreenderam até as projeções mais otimistas e agora a expectativa animadora está na nova safra de verão do Rio Grande do Sul.
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A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) avaliou os impactos das perdas na agropecuária neste ano no estado. A safra 2021/22 somou 25,7 milhões de toneladas de grãos, uma queda de mais de 31% em relação ao ciclo anterior. Os maiores prejuízos foram em soja e milho.
O estado sulista também sofreu com uma estiagem severa na safra passada, o que também impactou o Valor Bruto da Produção (VBP). A expectativa era de que se mantivesse semelhante a 2020, mas, com perdas em várias culturas, o VBP gaúcho teve queda de 23,7% — ou R$ 17 bilhões a menos.
“Possivelmente, estaremos colhendo a maior safra de grãos de verão” — Gedeão Pereira
“No ano passado, tivemos uma frustração, mas a resiliência do produtor rural fez com que ele voltasse à terra. Já estamos colhendo a maior safra de trigo da nossa história e, possivelmente, estaremos colhendo a maior safra de grãos de verão, no somatório acima de 4 milhões de toneladas… Claro, sempre nas dependências climáticas”, afirma o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira.
Crescimento da produção de trigo na safra
O produtor gaúcho investiu mesmo no trigo. A área cresceu acima de 18%, com 1,7 milhão de hectares. A produção avançou em quase em 5,5 milhões de toneladas. As lavouras foram avaliadas como de boa sanidade e com qualidade excelente.
“Temos uma missão de abastecer o mercado interno e o mercado externo. O trigo está se tornando um produto múltiplo. Eu posso usar para pão, para ração, para etanol. isso tudo está entusiasmando”, destaca o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
Agora, a safra de verão tem expectativa de crescer 58% e, assim, somar mais de 40 milhões de toneladas. A área plantada cresceu 4,5%, com 10,5 milhões de hectares. Altas em soja e milho, mas queda de 11% no arroz e 3,6% no feijão. Contudo, o que pode barrar isso é o clima.
“Existe um forte indicativo que em janeiro nós tenhamos um arrefecimento do fenômeno La Niña, retornando as chuvas. E isso vai a cada mês, fevereiro, março, diminuindo a sua intensidade chegando no outono na neutralidade. Com isso, a cultura da soja, que vai ter seu ponto mais sensível a partir de janeiro e fevereiro, deixa de ser uma especial preocupação”, avalia o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Domingos Velho Lopes.
Custos de produção na safra de verão do Rio Grande do Sul
Os custos de produção de um lado acenderam o alerta para os produtores rurais do Rio Grande do Sul. Em contrapartida, o avanço de duas safras consolidadas no estado foram as marcas deste ano.
“Tivemos uma soma forte em equipamentos agrícolas, modernização tecnológica desses equipamentos, o que lhes confere maior qualidade agrícola, mas também mais custo”, observa Gedeão. “A soma que tivemos nos fertilizantes, embora agora tenham caído de preço. A própria soma do óleo diesel, que pela primeira vez ficou acima da gasolina. Claro que os custos de produção estão preocupando sim, mas este é o cenário que temos”, prossegue o presidente da Farsul.
A federação também projetou cenários econômicos com o novo governo federal e as preocupações do setor. “Sabemos o que funciona e o que não funciona. E quando vemos uma equipe de transição trazer propostas que sabidamente fracassam e fracassaram recentemente no Brasil, é nosso papel como entidade empresarial trazer a discussão para o debate”, comenta Antônio da Luz.
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