Trigo

Expectativa é positiva para nova safra de verão no RS

Visão otimista ocorre após frustração na temporada 2021/22

Depois de uma frustração pelo clima na safra 2021/22, os produtores gaúchos investiram com força na safra de inverno. Os resultados surpreenderam até as projeções mais otimistas e agora a expectativa animadora está na nova safra de verão do Rio Grande do Sul.

+ Plantio de soja atinge 85% da área no Rio Grande do Sul

A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) avaliou os impactos das perdas na agropecuária neste ano no estado. A safra 2021/22 somou 25,7 milhões de toneladas de grãos, uma queda de mais de 31% em relação ao ciclo anterior. Os maiores prejuízos foram em soja e milho.

O estado sulista também sofreu com uma estiagem severa na safra passada, o que também impactou o Valor Bruto da Produção (VBP). A expectativa era de que se mantivesse semelhante a 2020, mas, com perdas em várias culturas, o VBP gaúcho teve queda de 23,7% — ou R$ 17 bilhões a menos.

“Possivelmente, estaremos colhendo a maior safra de grãos de verão” — Gedeão Pereira

“No ano passado, tivemos uma frustração, mas a resiliência do produtor rural fez com que ele voltasse à terra. Já estamos colhendo a maior safra de trigo da nossa história e, possivelmente, estaremos colhendo a maior safra de grãos de verão, no somatório acima de 4 milhões de toneladas… Claro, sempre nas dependências climáticas”, afirma o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira.

Crescimento da produção de trigo na safra

epagri, trigo
Foto: Luiz Magnante/Embrapa

O produtor gaúcho investiu mesmo no trigo. A área cresceu acima de 18%, com 1,7 milhão de hectares. A produção avançou em quase em 5,5 milhões de toneladas. As lavouras foram avaliadas como de boa sanidade e com qualidade excelente.

“Temos uma missão de abastecer o mercado interno e o mercado externo. O trigo está se tornando um produto múltiplo. Eu posso usar para pão, para ração, para etanol. isso tudo está entusiasmando”, destaca o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.

Agora, a safra de verão tem expectativa de crescer 58% e, assim, somar mais de 40 milhões de toneladas. A área plantada cresceu 4,5%, com 10,5 milhões de hectares. Altas em soja e milho, mas queda de 11% no arroz e 3,6% no feijão. Contudo, o que pode barrar isso é o clima.

“Existe um forte indicativo que em janeiro nós tenhamos um arrefecimento do fenômeno La Niña, retornando as chuvas. E isso vai a cada mês, fevereiro, março, diminuindo a sua intensidade chegando no outono na neutralidade. Com isso, a cultura da soja, que vai ter seu ponto mais sensível a partir de janeiro e fevereiro, deixa de ser uma especial preocupação”, avalia o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Domingos Velho Lopes.

Custos de produção na safra de verão do Rio Grande do Sul

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Foto: Luiz Henrique Magnante/Embrapa

Os custos de produção de um lado acenderam o alerta para os produtores rurais do Rio Grande do Sul. Em contrapartida, o avanço de duas safras consolidadas no estado foram as marcas deste ano.

“Tivemos uma soma forte em equipamentos agrícolas, modernização tecnológica desses equipamentos, o que lhes confere maior qualidade agrícola, mas também mais custo”, observa Gedeão. “A soma que tivemos nos fertilizantes, embora agora tenham caído de preço. A própria soma do óleo diesel, que pela primeira vez ficou acima da gasolina. Claro que os custos de produção estão preocupando sim, mas este é o cenário que temos”, prossegue o presidente da Farsul.

A federação também projetou cenários econômicos com o novo governo federal e as preocupações do setor. “Sabemos o que funciona e o que não funciona. E quando vemos uma equipe de transição trazer propostas que sabidamente fracassam e fracassaram recentemente no Brasil, é nosso papel como entidade empresarial trazer a discussão para o debate”, comenta Antônio da Luz.

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