Agricultura

Café: exportações totais do Brasil caíram 33% em fevereiro

Total embarcado no mês somou 2,4 milhões de sacas de 60 kg, com receita cambial de US$ 505,9 milhões, de acordo com o Cecafé

As exportações totais brasileiras de café (verde e  industrializado) ficaram em 2,396 milhões de sacas de 60 quilos em fevereiro de 2023, com receita cambial atingindo US$ 505,9 milhões. O desempenho implica quedas de 33,3% em volume e de 38,5% em faturamento na comparação com o segundo mês do ano passado, à medida que o preço médio da saca, de US$ 211,13, recua 7,9% em mesmo intervalo.

Os dados partem do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

No acumulado dos oito primeiros meses do ano safra 2022/23, o Brasil acumula a exportação de 24,621 milhões de sacas, volume 7,7% inferior ao remetido ao exterior de julho de 2021 a fevereiro de 2022. Já em receita, a performance ainda é positiva, em 13% na mesma comparação, com o rendimento chegando a US$ 5,704 bilhões, com o cenário refletindo os elevados preços do produto nesses oito meses do ciclo 2021/22.

Café no ano civil

Em janeiro e fevereiro deste ano, as remessas brasileiras de café ao exterior apresentam declínio de 25,4%, saindo de 7,008 milhões, no primeiro bimestre de 2022, para os atuais 5,226 milhões de sacas. A receita percorre caminho similar ao somar US$ 1,117 bilhão, ou queda de 28,8% ante mesmo intervalo antecedente.

Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, a baixa nos embarques se justifica pelo período de entressafra, após duas colheitas menores, impactadas por adversidades climáticas em importantes regiões produtoras no cinturão cafeeiro do Brasil, e pelo contexto do mercado internacional.

“Quanto mais longe de uma safra alta, como a de 2020, que foi recorde, menos café remanescente temos, impactando na oferta. Apesar de a Bolsa de Nova York ter se recuperado em janeiro e fevereiro, ainda está bem aquém dos níveis registrados em setembro, antes do início do movimento de queda, quando o produtor aproveitou a combinação de mercado e câmbio favoráveis, fez o dever de casa e vendeu o que era possível”, analisa.

Ele completa que, no cenário atual, apesar da recuperação dos preços internacionais no primeiro bimestre, as cotações ainda não são atrativas para o produtor negociar seu estoque, “que não é tão grande em função das colheitas menores em 2021 e 2022, daí a retração que observamos”.

Segundo o presidente do Cecafé, no tocante ao café arábica, os níveis praticados no mercado interno estão acima da cotação da Bolsa de Nova York e, por consequência, o volume negociado no Brasil é menor do que o fluxo normal, limitando-se, em sua maioria, à cobertura de vendas contratadas previamente e a poucos novos negócios, impactando o desempenho das exportações.

“Esse cenário faz com que os clientes internacionais busquem café no spot à vista no exterior, que corresponde ao preço da bolsa, ou até mesmo com desconto, dependendo da qualidade do produto em relação aos padrões da plataforma nova-iorquina”, afirma.

Ferreira observa, ainda, que, a esse contexto, alia-se a contínua e crescente demanda do mercado nacional pelo café canéfora. “Com o spot lá fora mais atrativo do que nosso arábica FOB (free on board) e os conilon e robusta majoritariamente direcionados às indústrias internas, o Brasil perde competitividade nas exportações das duas variedades. Esse é um comportamento que, possivelmente, seguiremos vendo até a entrada da safra 2023, mais especificamente do arábica, entre junho e julho, quando deveremos ter uma retomada dos embarques”, conclui.

Principais destinos

No primeiro bimestre de 2023, os Estados Unidos mantêm o posto de principal comprador dos cafés do Brasil, adquirindo 978.334 sacas, volume 29,2% inferior ao registrado no mesmo período de 2022. Esse montante equivale a 18,7% dos embarques totais brasileiros no intervalo.

A Alemanha, com representatividade de 15,1%, importou 787.264 sacas (-33,7%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Itália, com a compra de 398.067 sacas (-35,1%); Bélgica, com 313.292 sacas (-59,7%); e Japão, com a aquisição de 247.672 sacas (-28,8%).

Entre os destaques positivos, aparecem as exportações dos cafés do Brasil para Colômbia, Holanda (Países Baixos) e França. Sextos entre os principais destinos do produto no primeiro bimestre, os colombianos adquiriram 226.179 sacas, o que representa incremento de 7,8% frente ao volume adquirido em janeiro e fevereiro de 2022. Os holandeses vêm na sequência, elevando suas importações em 50,8%, para 165.278 sacas, e os franceses aparecem em nono lugar, com a importação de 138.697 sacas, alta de 25,6% no mesmo intervalo comparativo.

Portos

O complexo marítimo de Santos (SP) segue como principal exportador dos cafés do Brasil no primeiro bimestre de 2023, com a remessa de 4,228 milhões de sacas ao exterior, o que equivale a 80,9% do total. Na sequência, aparecem os portos do Rio de Janeiro, que respondem por 14,8% dos embarques ao terem remetido 771.084 sacas, e Paranaguá (PR), com a exportação de 72.579 sacas e representatividade de 1,4%.

Tipos de café

O café arábica foi o mais exportado em janeiro e fevereiro deste ano, com o despacho de 4,461 milhões de sacas ao exterior, o que corresponde a 85,4% do total. O segmento do solúvel teve 600.184 sacas embarcadas, com representatividade de 11,5%, seguido pela variedade canéfora (robusta ou conilon), com 159.080 sacas (3%) e pelo produto torrado e torrado e moído, com 5.251 sacas (0,1%).

Grãos diferenciados

Os cafés que possuem qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis responderam por 20,8% das exportações totais brasileiras do produto no primeiro bimestre de 2023, com o envio de 1,086 milhão de sacas ao exterior. Esse volume representa declínio de 3% na comparação com o mesmo período do ano antecedente.

O preço médio desse produto foi de US$ 253,88 por saca, proporcionando uma receita de US$ 275,6 milhões nos dois meses, o que corresponde a 24,7% do obtido com os embarques totais. No comparativo anual, o valor é 18% menor do que o aferido no primeiro bimestre de 2022.

No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados nos dois primeiros meses deste ano, os Estados Unidos estão na ponta, com a aquisição de 297.184 sacas, o equivalente a 27,4% do total desse tipo de produto exportado. Na sequência, vêm Alemanha, com 183.612 sacas e representatividade de 16,9%; Bélgica, com 120.410 sacas (11,1%); Holanda, com 62.721 sacas (5,8%) e Itália, com 58.530 sacas (5,4%).

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