Nesta quarta-feira (17), aconteceu em Brasília o 1º Congresso Nacional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho). O evento contou com a participação de especialistas, autoridades, parlamentares e produtores para discutir a produção do cereal no Brasil. E, pela primeira vez em sua gestão, o ministro Carlos Fávaro falou sobre uma política de preço mínimo para o cereal.
Além de propor a abertura de novos mercados para o grão brasileiro e a elevação da porcentagem de etanol de milho na gasolina, de 27,5% para 30%, como possíveis formas para impulsionar as cotações internas, o ministro também acenou com a política de preços mínimos como ferramenta.
“Caso todas essas medidas não se mostrarem eficientes na plenitude, claro que o Programa de Garantia ao Preço Mínimo deve ser ‘startado’ (iniciado) pelo governo federal na medida do possível, e nós estamos preparados para isso”, disse.
Preço mínimo do milho não é solução para produtores
Alguns produtores que participaram do evento discordam do ministro. Segundo eles, é preciso encontrar caminhos para reduzir o custo de produção e investir em infraestrutura.
“Política de preço mínimo, governo balizar os mercados, isso é muito ruim. Não é o que a gente quer. Tem que ser mercado livre, cuidar dos compradores lá fora, mostrar como nós produzimos aqui no Brasil e tentar melhorar esse ambiente, não com preço mínimo”, afirma o produtor Juliano Schmaedecke.
Já para o vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, a estratégia proposta por Fávaro é vista como “esmola”, enquanto a necessidade do produtor seria infraestrutura. ”Nós tivemos anos atrás a conclusão da BR-163 ligando Sinop e Miritituba onde melhoraram os preços e deu viabilidade ao norte de Mato Grosso. E a rentabilidade do produtor vai melhorar com isso, que é investimento, principalmente em ferrovia”, afirma.
Relação de troca
Segundo especialistas, a relação de troca na próxima safra deve ser melhor, mas a tendência é que os preços do milho continuem caindo.
“Estados Unidos com grande oferta, Brasil com grande oferta e tendência natural de os preços cederem. O preço vai seguir caindo até o produtor ter um certo volume vendido”, assegura o consultor de mercado Enio Fernandes.
Outra opção, segundo ele, seria trocar o milho por insumos, como fertilizantes, que estão com preços em queda. “Trocar agora não seria nenhum baque no futuro”, diz o consultor.
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