Em entrevista ao programa Caminhos com Abílio Diniz, da CNN, nesta quinta-feira (18), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a discussão sobre a atual taxa de juros não é se a Selic deve ou não cair, mas sobre o momento da queda.
“Não é uma briga de o que fazer, é de quando. E, aí, é claro que a autoridade monetária olha para muitas variáveis e calibra de acordo com o que acha correto. Mas, dentro da técnica, é possível discutir. Se isso não fosse possível, você jamais ouviria uma segunda opinião de um médico”, disse.
Haddad também criticou o fato de a meta de inflação ter como referência o ano-calendário. “Eu penso que há esse aperfeiçoamento para ser feito [na referência da meta]. E acho que, talvez, a oportunidade seja agora de a gente repensar isso à luz dessa conjuntura”, disse.
Sobre a relação com o Banco Central, o ministro afirmou que a instituição vem sendo “independente” antes mesmo da aprovação da lei que garantiu sua autonomia. “O [Henrique] Meirelles era independente, o Armínio Fraga era independente. Vários presidentes tiveram essa liberdade”, disse.
O ministro reconheceu que a comunicação é um dos gargalos do governo Lula, sobretudo nas redes sociais. “Nós, democratas, não sabemos lidar com as redes sociais”, disse o ministro.
O ministro ainda afirmou que o sistema de meta de inflação, hoje estipulada em 3,25% pelo Banco Central, funciona bem, mas merece ser debatido e aprimorado. “Brasil e Turquia são os únicos países que adotam regime de meta com uma especificidade que, na minha opinião, não faz o menor sentido, que é o tal ano-calendário”.
Ao comentar as prioridades atuais do governo federal na economia, Haddad apontou a revisão do “gasto tributário” como o caminho para conciliar a recomposição do resultado primário com o avanço das despesas previstas para 2024.
“Nós vamos cortar o chamado gasto tributário, que está em cerca de 6% do PIB hoje no Brasil. São 6% de favores que o Estado está fazendo para algumas empresas. Vamos rever benefícios que foram dados, muitas vezes, legitimamente no passado, mas que perderam a funcionalidade. Então, vamos rever um quarto disso, o que dá 1,5% do PIB”, explicou.
Haddad mencionou as medidas provisórias (MPs) para redesenhar a base do PIS/Cofins e modificar regras dos preços de transferência, além de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a subvenção de custeio. Por fim, disse haver boas perspectivas para o voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf).
A principal das prioridades, no entanto, segundo Haddad, é a reforma tributária. O ministro
disse que o Congresso Nacional está pronto para votar o tema e destacou o potencial do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para impactar positivamente a economia.
As informações são da Agência CMA.
Por Agência Safras