BOAS PRÁTICAS

Produzir e preservar: agricultores do oeste da Bahia mostram que esse equilíbrio é possível

Parque Vida Cerrado promove a preservação da fauna e flora do Cerrado, além de engajar a comunidade em iniciativas socioambientais

Lobo-guará, macaco bugio-preto, cervo-do-pantanal. Essas são algumas das espécies de animais do Cerrado encontradas no oeste da Bahia.

Resgatados, alguns exemplares vivem hoje em recintos no Parque Vida Cerrado, localizado entre os municípios de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, e passaram por um processo de reabilitação para conseguirem sobreviver.

A médica-veterinária do parque, Paula Gomes, afirma que o projeto teve início em 2020 e começou com a reabilitação de cinco filhotes de lobo-guará. “Esses animais são indicados pelo órgão ambiental. A gente recebe e eles são mantidos em um recinto de pré-reabilitação, no qual fazemos um monitoramento de saúde e até comportamental”, conta ela.

Aos poucos, os animais passam a ter contato com as condições específicas encontradas no Cerrado, até chegarem ao processo de soltura branda. “Tudo é feito com cuidado para eles se ambientarem novamente à vida livre”, afirma Paula.

A empresa do ramo de fertilizantes Galvani foi a responsável pela criação do parque, que conta também com a contribuição de empresas parceiras. “O objetivo inicial era a reprodução desses animais. Assim, o projeto cresceu ao longo de 17 anos”, conta Jailton Sobral, gerente comercial da empresa.

Preservar para produzir

lobo-guará preservar
Foto: Ricardo Boulhosa/IPC/AES/CENAP

O Parque Vida Cerrado atua em três núcleos voltados para a conservação da biodiversidade, pesquisa e educação socioambiental: fauna integrada, flora em movimento e comunidade engajada.

O lobo-guará está entre as cinco espécies de mamíferos que vivem no parque, que se soma às três espécies de aves também presentes.

O produtor rural Celito Míssio é um dos apoiadores da iniciativa. A área onde hoje se encontram os animais foi cedida pela empresa dele.

“O agricultor preserva porque dentro da atividade dele já está claro que ele precisa dessas condições para obter licenciamento, para ter a sua produção. Nós não reclamamos disso. Reclamamos sim da falta de reconhecimento por este grande serviço ambiental que é feito só aqui no Brasil”, afirma o produtor.

Ainda segundo Míssio, os produtores “querem deixar o legado da preservação da capacidade produtiva para as futuras gerações e para o mundo”.

Boas práticas agrícolas

De acordo com a analista ambiental da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) Raquel Paiva, em todo o estado eles mostram que é possível produzir e preservar na mesma medida.

Além do cumprimento da legislação, projetos de recuperação de nascentes, de áreas degradadas e replantio de mudas nativas estão entre algumas das ações executadas.

“Desde que o produtor faça a adoção de boas práticas agrícolas, que ele se preocupe em monitorar os recursos naturais disponíveis, torna-se possível sim ele produzir e garantir a alimentação para as pessoas preservando o meio ambiente”, afirma Raquel.