Exportações do Brasil devem sentir impacto do câmbio, em 2011

Queda no dólar é a principal gerador de queda nas exportações e faturamento das empresasA constante queda do dólar gerou forte impacto negativo nas exportações brasileiras em 2010, tornando ainda maiores os desafios para os produtores em 2011, principalmente para os de carnes e seus derivados.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, em 2011, os mercados interno e externo de carne suína devem atingir 600 mil toneladas, ainda abaixo do volume de 2009 (607,5 mil toneladas), mas pouco acima que em 2010, quando houve queda de 11,04% no volume embarcado ao mercado externo, que ficou em 540,4 mil toneladas.

A expectativa também é de crescimento, de 8,1%, para as exportações de carne bovina. Segundo projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a notícia é positiva, pois mesmo com o câmbio desfavorável, cada vez mais investimentos em tecnologia, rastreabilidade, controle sanitário e preservação ambiental, há oportunidade de exportar mais para atender o comércio mundial, que comprará 2,1% a mais de carne bovina.

As exportações brasileiras de couros e peles também estão sendo afetadas pela queda do dólar. Conforme cálculo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foram registrados US$ 141,1 milhões em janeiro deste ano, uma queda 12% em relação a dezembro.

? Os números estão aquém das nossas expectativas, de um volume médio mensal de US$ 160 milhões em 2011. Além dos obstáculos como o problema cambial, ocorreu no último trimestre do ano passado uma redução nos abates, que também afetou o desempenho dos curtumes ? explica o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich.

O impacto negativo do dólar não está apenas na queda nas exportações e no faturamento das empresas atingidas.

? Os problemas do câmbio desfavorável já entraram na pauta permanente do setor, cujas companhias precisam constantemente rever seus indicadores e gestão, para manterem-se competitivas, produzindo cada vez mais e garantindo os empregos de todos os colaboradores e a sustentabilidade do negócio. E tudo isso seguindo as regras cada vez mais exigentes do mercado ? enfatiza o engenheiro que preside as operações da Gelita na América do Sul, México e Estados Unido, Paulo Reimann.

A Gelita é a maior produtora mundial de gelatina e colágeno, responsável por cerca de 30% de toda a gelatina consumida no mundo.

O prejuízo causado pela queda do dólar no Brasil chega ainda ao Governo, que perde arrecadação com a queda nas exportações. O consumidor, que paga preços cada vez mais elevados, também não ficou de fora de fora desta conta.