? Sem os entraves comerciais que desestimulam as atividades no campo, o Brasil pode produzir mais e oferecer excedentes que atendam à crescente demanda mundial por alimentos.
Além do fim dos subsídios, a senadora enumera outros fatores essenciais para garantir a ampliação da oferta de produtos agropecuários. Um deles é o constante estímulo da produção de alimentos via aumento de produtividade e da garantia de preços para proporcionar renda e segurança alimentar.
O tema da oferta mundial de alimentos voltou a ser discutido nas últimas semanas em função da alta dos preços das commodities agrícolas. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, que preside o G-8 e o G-20, que reúnem os oito mais ricos e os outros 12 em desenvolvimento, defende ainda a formação de estoques mundiais de alimentos, produtos que poderiam ser vendidos para garantir o abastecimento em momentos de oferta reduzida. Os ministros das finanças do G-20 estarão reunidos a partir desta sexta, dia 18, em Paris para discutir, entre outros pontos, esse assunto.
Sobre a proposta de formação de estoques reguladores, a senadora explica que esses devem ser efetuados em época de abundância, quando se espera, para o momento seguinte, uma recuperação de preços.
? Formar estoques em um momento de escassez irá impactar negativamente sobre a oferta, acentuando a alta dos preços ? completa a presidente da CNA.
Preços
O aumento da demanda mundial por alimentos, em especial nas economias dos países emergentes, num ritmo superior aos estoques disponíveis tem elevado os preços das commodities agrícolas. Levantamento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) mostra que os preços de um grupo de cinco produtos (carnes, lácteos, cereais, óleos e açúcar) subiram 28,3% em doze meses, entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011.
O aperto entre estoques e consumo deve continuar dando fôlego aos preços em 2011, avalia a senadora Kátia Abreu. Estudos da Superintendência Técnica da CNA mostram que, apesar de os estoques mundiais de grãos estarem mais altos do que há cinco anos, o volume vem caindo desde 2009, quando a demanda por grãos superou a oferta e os países foram obrigados a recorrer aos estoques para suprir as demandas locais.
Parte da redução da oferta mundial de alimentos é explicada pela queda na safra 2009/2010 de países produtores de grãos. Os analistas chamam a atenção para a queda de produção de trigo devido a razões climáticas, principalmente na Rússia, Ucrânia e Cazaquistão. No caso da soja, a relação entre estoque e consumo gira em torno de 24%. As projeções apontam, no entanto, que, em 2011, essa relação pode cair para 23%, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).