Situações que envolvem a guerra entre Ucrânia e Rússia e clima nos principais países produtores de milho podem causar a “escassez” do cereal e desencadear uma “crise global”. O alerta é da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).
A Ucrânia é responsável por 16% da produção de mundial de milho e, diante a guerra iniciada pela Rússia em 2022, estima-se que para a safra 2022/23 sofra uma queda de 40% na produção. Além do recuo na produção, o país encontra-se com seus portos fechados, prejudicando o fornecimento do grão para o mercado externo e levando seus compradores a buscarem outros países.
No último dia 17 de julho a Rússia anunciou sua saída da Iniciativa de Grãos do Mar Negro, que permite que produtos agrícolas sejam enviados com segurança da Ucrânia. Quase 33 milhões de toneladas de produtos agrícolas foram embarcadas da Ucrânia na vigência do acordo de acordo com dados da ONU. O milho foi de longe a maior commodity exportada.
“A alternativa para a garantia do fornecimento mundial de milho poderia vir de outros principais países produtores, todavia, isso pode não ocorrer, vez que outros grandes países produtores também enfrentam problemas”, pontua a Aprosoja-MT.
Clima afeta oferta de milho
A seca em alguns países, como na Argentina, também deve impactar na oferta de milho nesta safra 2022/23, alerta a Aprosoja-MT. Na Argentina a colheita está atrasada e, segundo a Bolsa de Comércio de Rosário, ainda haverá uma diminuição de 40% da produção de milho em comparação com as expectativas iniciais, algo em torno de somente 32 milhões de toneladas. A mesma situação de catástrofe na produção ocorreu com a soja. As estimativas de produção inicial caíram 59%, tendo a Argentina colhido tão somente 20 milhões de toneladas da oleaginosa, considerada pela Safras e Mercado como a menor do século.
De acordo números trazidos pela Aprosoja-MT, na União Europeia, que na safra 2021/22 bateu recorde de produção de milho, com mais de 71 milhões de toneladas colhidas, teve uma redução de mais de 25% na produção do cereal na safra 22/23. Ou seja, com menos de 53 milhões de toneladas produzidas, haverá falta do produto no mercado interno agravado pela falta do suprimento pela Ucrania.
A China, traz também a entidade mato-grossense, que tem sua produção concentrada nas regiões norte e nordeste do país, região que colhe 90% da produção, especialmente nas províncias de Heilong Jian, Jilin e Nei Mongol, com quase 40% da produção total chinesa, tem sido castigada com problemas de seca nesta safra com déficits de umidade entre 20 e 40%. Com a necessidade de superar seus já baixos estoques internos, a China já está enfrentando prejuízos em suas lavouras de milho.
A situação com o clima, frisa a Aprosoja-MT, é considerada preocupante também nos Estados Unidos que registrou fortes secas em junho, e em muitos estados as chuvas que estão ocorrendo não estão sendo suficientes, além de muitas chegaram com vendáveis e tempestades de granizo, destruindo parte da área foliar e derrubando lavouras já em fase de florescimento, também a fase mais sensível à seca.
Dados do USDA apontam que o mês de junho foi um dos anos historicamente mais secos e quentes do país e o mês de julho continua com recordes de altas temperaturas no meio oeste americano, a mais importante região produtora de milho do país.
A Aprosoja-MT salienta que “Com todos esses problemas, embora a safra de milho brasileira esteja caminhando para uma boa produção, talvez não seja suficiente para amenizar problema de demanda que está por vir, com isso certamente haverá elevação no preço do cereal”.
A entidade afirma ainda que “Somente com o acordo do Mar Negro entre Rússia e Ucrânia estima-se que houve uma redução no preço do milho em torno de 20%. Porém, agora, com o rompimento do acordo, somado aos problemas climáticos, perda de produção em países players, e contínua demanda, haverá um forte aumento no preço da commodity, e consequentemente, aumento no preço dos alimentos”.
Editado por: Viviane Petroli, de Rondonópolis (MT)
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