A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) registrou fechamento com preços significativamente mais altos para o trigo.
O mercado foi impulsionado pelo aumento das preocupações em relação ao fornecimento global.
Os investidores estão acompanhando atentamente a situação após um incidente envolvendo um navio-tanque russo e um ataque ucraniano no Mar Negro durante o fim de semana, o que reacendeu os temores de escalada das tensões na região.
A desaceleração das exportações russas na semana passada também contribuiu para a valorização dos preços.
Além disso, os investidores estão aguardando o relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), previsto para ser divulgado na sexta-feira.
As expectativas de uma demanda maior da Índia também têm influenciado positivamente os preços, uma vez que o país está considerando a possibilidade de reduzir ou abolir as tarifas de importação sobre o cereal.
As inspeções de exportação de trigo dos Estados Unidos atingiram 275.067 toneladas na semana encerrada em 3 de agosto, de acordo com o relatório semanal do USDA.
Esse número ficou abaixo das expectativas de mercado de 450 mil toneladas.
Na semana anterior, as inspeções haviam totalizado 585.318 toneladas.
No mesmo período do ano anterior, as inspeções haviam alcançado 635.720 toneladas.
No acumulado do atual ano-safra, iniciado em 1º de junho, as inspeções somam 3.015.794 toneladas, em comparação com as 3.509.642 toneladas do ano-safra anterior.
No fechamento de hoje, os contratos para entrega em setembro de 2023 estavam sendo negociados a US$ 6,57 1/2 por bushel, representando um aumento de 24,50 centavos de dólar, ou 3,87%, em relação ao fechamento anterior. Já os contratos para entrega em dezembro de 2023 estavam sendo negociados a US$ 6,81, um ganho de 20,75 centavos, ou 3,14%, em relação ao fechamento anterior.
Trigo no Brasil
O mercado interno de trigo no Brasil deu início à segunda semana de agosto com um volume de negócios reduzido.
De acordo com as análises de Elcio Bento, especialista da Safras & Mercado, a iminente colheita no Paraná, o segundo maior produtor do grão e detentor do principal parque moageiro do país, está exercendo pressão sobre os valores.
A cotação atual gira em torno de R$ 1.350 por tonelada, com entrega CIF no moinho localizado em Ponta Grossa/PR.
“A queda de mais de 6% em relação ao mês passado é um reflexo do aumento da atenção dos compradores em relação à paridade de importação com o trigo argentino de safra nova”, destacou Bento.
Considerando o preço de US$ 240 por tonelada nas exportações argentinas em dezembro de 2023, o trigo argentino chegaria ao CIF dos moinhos na região de Curitiba a R$ 1.380 por tonelada.
Bento esclarece que essa é a mesma referência utilizada para o trigo nacional nesse mercado.
A safra continua apresentando um desenvolvimento positivo tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul.
A colheita no primeiro estado deve ter início nas próximas semanas, enquanto no segundo estado está prevista para outubro.
Dessa forma, apesar da pressão dos compradores, os preços no mercado gaúcho mantêm-se em torno de R$ 1.300 por tonelada.