Desde o fim de julho, agricultores e pecuaristas de Santa Cruz do Xingu, na região do Vale do Araguaia em Mato Grosso, estão apreensivos. Quase 40% do território do município, pode ser transformado em terra indígena. A área integra os mais de 362 mil hectares reivindicados pelo povo Kayapó, que também alcançam parte de Vila Rica (MT) e São Félix do Xingu (PA). Ao todo, 201 famílias de produtores rurais podem perder as propriedades rurais, caso a demarcação seja efetivada.
O assunto é tema do Estúdio Rural desta semana, com o presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Xingu, Jacinto Colombo, produtor que também tem 100% da fazenda na área alvo da Funai.
Jacinto Colombo conta que chegou em Santa Cruz do Xingu há 20 anos. O arroz foi a primeira cultura semeada por ele, assim como outros produtores desbravadores da região. Contudo, a soja, o milho e a pecuária de corte foram ganhando espaço.
Segundo ele, a aprovação do estudo pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que delimita a destinação de 362.243 hectares para a criação de uma nova área indígena, pegou todos de surpresa.
“Quando cheguei em Santa Cruz do Xingu conversei com vários moradores que diziam estar ali há 40 anos. Hoje em conversa com eles todos são unanimes em falar que nunca ouviram em presença indígena na região”.
O presidente do Sindicato Rural comenta que se está buscando um entendimento junto à classe política para que a questão seja revista, bem como auxilio jurídico.
“Se isso realmente acontecer nós vamos brigar por indenização, porque puxando a cadeia dominial não fala. O estado nos vendeu à área, ou para os antecessores, e lá não falava que existia índio”.
Campo vive momento de insegurança
Conforme o presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Xingu, a insegurança vivida nos três municípios atingidos pela delimitação da nova área é vista em todo o estado de Mato Grosso.
“O campo vive nessa insegurança jurídica, aonde vem até atrapalhando certos investimentos de outras propriedades que estão fora do perímetro pretendido hoje. Acaba que dá essa insegurança. Às vezes se quer fazer um armazém e isso traz insegurança de investimento, porque a gente não sabe o que pode vir no futuro. Às vezes tudo o que construiu hoje pode perder amanhã. Nós precisamos de segurança jurídica no campo”.
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