ATENÇÃO

Trigo: mercado segue parado, com expectativa de quedas

Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos do trigo encerraram o dia com ganhos

Os agentes atuantes no mercado brasileiro de trigo permanecem com atividade reduzida.

De acordo com Elcio Bento, analista da Safras & Mercado, os compradores demonstram cautela, ante o iminente ingresso da nova safra de trigo no Brasil, o aumento estimado na produção argentina e a tendência de preços mais estáveis no mercado internacional.

Esses fatores combinados estão exercendo pressão sobre as cotações.

Nesse cenário, os moinhos localizados no estado do Paraná têm estabelecido preços na faixa de R$ 1.200 a R$ 1.250 por tonelada para lotes provenientes da nova safra paranaense. No Rio Grande do Sul, as negociações têm sido pontuais, com indicações de valores situados entre R$ 1.230 e R$ 1.240 por tonelada para a safra antiga. Já para a nova safra, lotes menores estão sendo comercializados em torno de R$ 1.100 por tonelada.

Trigo em Chicago

Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos do trigo encerraram o dia com ganhos.

O mercado experimentou um dia de volatilidade, começando em alta, reverteu para território negativo e retomou a trajetória ascendente no final da sessão.

Os contratos registraram alta devido às preocupações em relação à redução nos rendimentos devido às condições climáticas adversas, incluindo temperaturas elevadas e seca nos Estados Unidos e na Europa.

A performance sólida das bolsas de valores europeias e a deterioração das lavouras nos Estados Unidos também desempenharam um papel positivo, limitando as quedas momentaneamente. No acumulado parcial de agosto, os preços apresentam uma diminuição de aproximadamente 10%.

Contudo, houve fatores que exerceram pressão sobre os ganhos, impedindo um aumento maior.

A oferta crescente no Hemisfério Norte e a competitividade reduzida do trigo estadunidense no mercado global tiveram impacto negativo.

Mesmo tendo experimentado aumento em relação à semana anterior, as inspeções de exportação dos Estados Unidos continuam abaixo da média. Além disso, a valorização do dólar reduziu o apelo do trigo norte-americano.

Adicionalmente, as cotações foram afetadas pela pressão da Rússia, cuja safra, de acordo com a consultoria SovEcon, está projetada para atingir o segundo maior nível histórico.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou informações sobre as condições das lavouras de trigo de primavera no país. Até 20 de agosto, 38% das lavouras foram classificadas como estando em boas a excelentes condições, abaixo das expectativas do mercado que eram de 42%. Além disso, 39% foram consideradas em estado regular, enquanto 23% apresentaram condições entre ruins e muito ruins. Na semana anterior, esses percentuais eram de 42%, 38% e 20%, respectivamente.

Quanto ao progresso da colheita, até 20 de agosto, a taxa estava em 39%, abaixo dos 40% esperados pelo mercado. Na semana anterior, o número era de 24%. Comparado ao mesmo período do ano passado, quando a taxa era de 31%, e à média dos últimos cinco anos, que é de 46%, essa taxa é relativamente baixa.

O USDA também liberou um relatório sobre o andamento da colheita do trigo de inverno. Até 20 de agosto, a colheita atingiu 96%. Na semana anterior, esse número era de 92%. No mesmo período do ano anterior, a taxa era de 94%, enquanto a média dos últimos cinco anos era de 96%.

Ao final do pregão, os contratos com entrega prevista para setembro foram cotados a US$ 6,01 3/4 por bushel, o que representou uma alta de 2,50 centavos de dólar, ou 0,41%, em relação ao fechamento anterior. Já os contratos com entrega prevista para dezembro foram negociados a US$ 6,27 1/2 por bushel, registrando um aumento de 2,00 centavos, ou 0,31%, em relação ao fechamento anterior.