O micro-organismo, segundo José Nazário, extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), atua no sistema vascular da hortaliça, causando o apodrecimento da raiz e impedindo o crescimento da planta. Para enfrentar o problema, uma unidade de experimentação foi montada na propriedade do horticultor Sebastião Silveira, localizada na comunidade rural de Bom Jardim.
Há 15 anos, Sebastião e a família têm como principal atividade e fonte de renda a horticultura, embora também invista na bovinocultura de leite. A hortaliça mais produzida em sua propriedade é a alface, mas o agricultor também cultiva chicória, rúcula, cebolinha, salsa, rabanete e couve, além de agrião e espinafre, no inverno. Silveira e outros produtores da comunidade se queixavam constantemente das perdas de alface durante a colheita. O prejuízo chegava a 100%.
? Nós já estávamos desistindo de manter a plantação ? confirma o horticultor, que buscou ajuda no escritório local da Emater-MG em Vieiras.
O extensionista Nazário fez a coleta de amostras das plantas e as encaminhou para análise na Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde foi identificado o parasita que atacava a hortaliça. Como o horticultor não queria utilizar agrotóxicos para acabar com a praga, o coordenador técnico da unidade regional de Muriaé, Ricardo Tadeu, sugeriu, após pesquisa, a solarização e o uso do controle biológico para eliminar a doença. O teste foi feito em uma área de 20 metros quadrados da propriedade de Silveira. O bom resultado – foram colhidos 300 pés de alface – serviu de incentivo para a adoção das técnicas em uma área maior. Desta vez em 400 metros quadrados da mesma propriedade.
De acordo com Nazário, a proposta é de, nos próximos meses, fazer uma demonstração técnica junto a outros horticultores da comunidade para que eles possam adotar as técnicas em suas propriedades. Atualmente o município de Eugenópolis, atendido pela unidade regional da Emater-MG de Muriaé, também adotou a solarização e o controle biológico. Assim como em Vieiras, os experimentos começaram em apenas uma propriedade. Com o tempo, no entanto, poderão ser adotados por outros horticultores.
Solarização
A técnica de solarização consiste em utilizar um plástico transparente para cobrir o canteiro por um período que vai de 40 a 60 dias. Com o calor retido, a população fúngica diminui. Segundo os especialistas, aplica-se também o agente de controle biológico Trichordema harzianum na muda que será plantada e logo após o plantio. Em Vieiras, o agente usado na iniciativa do município está sendo fornecido por uma empresa parceira. José Nazário garante que, após cada solarização, o horticultor pode plantar e colher até duas safras da hortaliça, sem perder a qualidade da produção.