Em Londrina, na mesma área em que uma máquina terminou de colher soja a outra semeou milho. O produtor Adão de Pauli diz que pensa em arrendar as terras dele no inverno, devido a estar desanimado com o trigo. O produtor plantava 300 hectares, mas agora dedicou apenas 80 para este cereal. Diz que não vale mais a pena investir na cultura.
? Mesmo com baixa produtividade, teve anos em que não se colheu nada nessa região de trigo, não tem preço, não tem quem compre. O ano passado nós conseguimos colher trigo de alta tecnologia e estamos com trigo estocado até hoje para vender. Esses preços de 25, 26 reais para o produtor, isso é um absurdo. Um hectare hoje, para se plantar trigo custa de 30 a 35 sacas, para você colher 50, 55 sacas. É muito risco para pouco lucro ? diz Pauli.
Fora a vegetação de cobertura para rotação de culturas, não há muitas alternativas para o período. Por isso, as frequentes altas no preço do milho devem elevar a área plantada em 15% neste inverno.
O produtor se apressa, mas é para plantar o milho de inverno. A área com trigo deve encolher no Estado em pelo menos 200 mil hectares. A primeira estimativa da Secretaria de Agricultura aponta uma redução de 11% nas lavouras de trigo do Estado. Devem ser semeados um milhão de hectares, a menor área dos últimos três anos.
Os produtores esperam mais apoio do governo federal, caso contrário acreditam que o Paraná, vai abandonar a cultura.
? Essa cadeia hoje no Paraná, assim como no Brasil, mas principalmente no Paraná que representa 50% da produção nacional, está organizada. Desde a pesquisa, o produtor, os moinhos, a comercialização em geral. O que nos preocupa é que isso possa nos desestruturar com essa gradativa redução no plantio. Nós precisamos voltar a ter um círculo virtuoso e para isso nós precisamos ter políticas consistentes em toda a cadeia, desde a pesquisa, a comercialização, o produtor, na questão de insumos e custos para que nós realmente voltemos a ser auto-suficientes em trigo ? informa o presidente da Sociedade Rural do Paraná , Gustavo Andrade e Lopes.