Diante do risco de desastre no Japão, onde ocorreram três explosões na central de Fukushima 1, a comunidade de energia nuclear brasileira está alerta, por saber que o futuro do programa nacional depende do sucesso da tentativa de evitar acidente semelhante ao de Chernobyl.
? Qualquer decisão vai depender de como a engenharia nuclear vai responder a essa situação de um evento extremo ? avalia Francisco Rondinelli, vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Nuclear.
Conforme informações da Eletronuclear, a primeira etapa de estudos havia apontado as margens do Rio São Francisco como a melhor localização, mas o governo determinou a ampliação da análise de quatro Estados ? Alagoas, Sergipe, Bahia e Pernambuco ? para todo o país. Caso o cronograma seja cumprido, a primeira das usinas poderá operar até meados de 2020.
? Do ponto de vista de segurança nuclear, não há razão para se rever a implantação das usinas. No Japão, houve uma circunstância única, e se vê que muitas usinas em áreas abaladas resistiram e continuam operando ? diz Laércio Vinhas, diretor de radioproteção e segurança nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Se o Japão tem poucas opções de geração, não é o caso do Brasil. Por que, então, implantar mais usinas nucleares no país? Há dois motivos básicos, para os especialistas: aumentar a segurança energética com uma fonte térmica com alta capacidade, sem emissão de gases de efeito estufa, e usar a reserva nacional de urânio, sexta maior do mundo, em menos de um terço do território prospectado.
Rondinelli argumenta que o risco da alta dependência brasileira de energia hidrelétrica é a repetição do racionamento de 2001 ? provocado por anos de chuva escassa e falta de planejamento. Responsável pelas negociações que autorizaram o Brasil a enriquecer urânio a menos de 20%, Vinhas afirma que as tratativas foram semelhantes às da venda de um carro:
? As agências querem ter acesso maior, e queremos limitá-lo para preservar nossos segredos tecnológicos.